Pular para o conteúdo principal

Dilma, que nunca cumpriu centro da meta de inflação, reduz margem de tolerância para 2017

Meta continua em 4,5%, mas o Conselho Monetário Nacional, formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do BC, diminuiu teto de 6,5% para 6%

Açougue em um supermercado
Inflação em alta: taxa vai estourar teto da meta em 2015.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou que a meta de inflação medida pelo IPCA segue em 4,5% ao ano para 2017, mas a margem de tolerância foi reduzida de 2 pontos porcentuais para 1,5 ponto percentual, divulgou o Ministério da Fazenda nesta quinta-feira. Com isso, a tolerância para o teto da inflação cai de 6,5% para 6%. A meta de inflação segue no patamar de 4,5% desde 2005, quando a banda era de 2,5 pontos porcentuais. A tolerância de 2 pontos passou a valer em 2006.
Em nenhum dos quatro anos do primeiro mandato de Dilma Roussef, a inflação atingiu a meta estipulada - de 2011 a 2014, as taxas anuais foram de 6,5%, 5,84%, 5,91% e 6,41%. Desta vez, diante do cenário de mais fragilidade da economia, com inflação elevada e baixa confiança no governo, houve debate dentro do CMN, formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central, em torno da redução da meta para 2017.
Dentro do Ministério da Fazenda, a intenção era mexer no objetivo para 2017 a fim de sinalizar o comprometimento com o combate à inflação e restaurar a credibilidade da política econômica. Dentro do BC, por outro lado, havia a defesa de não mudar a meta diante da preocupação com o atual cenário, com fortes ajustes fiscais ocorrendo e inflação nas alturas.
Reduzir a margem de tolerância para a inflação pode levar o BC a ter de apertar ainda mais a política monetária, que desde outubro já elevou a Selic em 2,75 ponto percentual, para os atuais 13,75%. E como a inflação deste ano deve ficar em torno de 9% - ou seja, fora da meta -, fazer com que ela convergisse para um alvo menor no futuro exigiria ainda maior esforço no presente.
Muitos no mercado financeiro defendiam a ideia de reduzir a meta mais à frente. A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thais Zara, acredita que a decisão de reduzir a banda para 2017 sinaliza o compromisso do governo com a redução da inflação. "É uma medida importante. Reforça o trabalho que o Banco Central vem fazendo de melhora da credibilidade, reconquista da confiança dos agentes", disse.
Leia mais:
Com inflação próxima de 9%, mercado eleva projeção da taxa de juros
Inflação atinge 8,47% em 12 meses, o maior índice desde 2003
Consumo em queda faz economia recuar 0,2% no 1º trimestre
No entanto, a medida pode levar à necessidade de juros mais elevados, o que pode ser refletido no mercado nas próximas sessões. "O efeito prático disso é que a curva de juros tende a subir um pouco mais porque você vai ter que ter uma persistência mais forte da política monetária para chegar ao mesmo resultado. Hoje até já subiu o juro antecipando um pouco isso. É bom que não mudaram o centro da meta", disse o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito.
O BC vem reiterando o compromisso em levar o IPCA a 4,5% no final do ano que vem, fazendo o que for necessário e com "determinação e perseverança" para tanto. Apesar do duro aperto monetário conduzido pela autoridade monetária, a inflação segue em níveis persistentemente altos, influenciada principalmente pelo ajuste de preços administrados e pela valorização do dólar.
Em maio, o IPCA subiu 8,47% em 12 meses, acima do esperado pelo mercado e na maior taxa acumulada desde dezembro de 2003. A prévia para o desempenho do índice apontou a continuidade da tendência, com o IPCA-15 registrando alta em 12 meses de 8,80%.
O segundo mandato da presidente Dilma Rousseff enfrenta uma maré de notícias negativas no front econômico enquanto tenta colocar de pé um ajuste fiscal para reequilibrar as contas públicas e alcançar neste ano superávit primário de 66,3 bilhões de reais, ou 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
(Com agência Reuters)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.