Pular para o conteúdo principal

TCU investiga prejuízos de até R$ 39 bi em negócios da Petrobras

O valor é a soma das perdas apuradas por conta de sobrepreço e má gestão de projetos em quatro dos principais empreendimentos da estatal

Imagem aérea da refinaria Abreu e Lima, localizada no Porto de SUAPE em Pernambuco
Fotos Aereas da Refinaria Abreu e Lima - localizado no Porto de SUAPE
O Tribunal de Contas da União (TCU) investiga prejuízos em obras e compras de ativos da Petrobras que podem alcançar 39 bilhões de reais. O valor é a soma das perdas apuradas por conta de sobrepreço e má gestão de projetos em quatro dos principais empreendimentos da estatal, em muitos casos fatiados pelo clube de empreiteiras que são alvos da Operação Lava Jato.
Só no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), obra que ficou praticamente paralisada com a crise financeira vivida pela companhia desde o ano passado, o tribunal constatou que o rombo aos cofres da petroleira pode alcançar 11 bilhões de reais (33,4 bilhões de reais, pelo câmbio de ontem).
Segundo a área técnica da corte, que apura "gestão temerária" do complexo, as intervenções começaram sem avaliação adequada dos riscos do empreendimento. As licitações, por exemplo, foram lançadas para obras que nem sequer tinham projeto. Depois de iniciados os serviços, as empreiteiras obtinham reajustes indevidos.
LEIA TAMBÉM:
Subsidiárias da Petrobras reconhecem 280 milhões de reais em perdas com corrupção
Petrobras é alvo de novas ações na Justiça dos EUA
Segundo os auditores, dificilmente o empreendimento, mesmo que concluído, dará retorno financeiro compatível com o que foi aportado. Só em dois contratos para construir unidades industriais do Comperj, o sobrepreço apurado pela área técnica do tribunal é de 596 milhões de reais.
Na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a suspeita é de perdas que podem alcançar 1,6 bilhão de reais. A corte apurou que reajustes indevidos em quatro contratos de consórcios integrados por Camargo Corrêa, OAS e Odebrecht, alvos da Lava Jato, somaram 368 milhões de reais. Em medida cautelar, suspendeu pagamentos de 168 milhões de reais.
A Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, que passou por obras de modernização, está no foco de auditorias que apontam prejuízos de 1,4 bilhão de reais. Um dos contratos, para melhorias na unidade de coque e estruturas auxiliares, tem suspeita de sobrepreço de 633 milhões de reais. O processo ainda não foi a julgamento.
Processos que apuram os principais prejuízos na estatal estão sob relatoria do ministro Vital do Rêgo. Na maioria dos casos, apesar da constatação de perdas vultosas, aguarda-se a análise da defesa da Petrobras, de seus executivos e das empresas contratadas para que haja julgamento definitivo. Só depois da apreciação definitiva em plenário, cabem sanções como multas ou a devolução ao erário. Em muitos casos, porém, a corte já tomou medidas preventivas.
Nos processos sobre a compra da Refinaria de Pasadena, por exemplo, a corte já determinou o bloqueio de bens de dez executivos responsabilizados por dano ao erário de 792 milhões de dólares (2,4 bilhões de reais). A indisponibilidade patrimonial visa resguardar eventual ressarcimento no futuro.
Este mês, a corte deu 180 dias para a Petrobras adequar os procedimentos de contratação de serviços de engenharia. Uma das exigências é que a estatal e seus fornecedores apresentem, de forma pormenorizada, como são compostos os preços das obras.
Segundo o tribunal, delações premiadas da Operação Lava Jato mostraram que "a falta de detalhamento das propostas comerciais favorecia o acordo prévio entre as empreiteiras".

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular