Sem obras, PIB da construção civil deve cair 8,6% em 2015
Resultado esperado é reflexo do enfraquecimento da economia e da queda nos investimentos de infraestrutura em um ano de crise financeira
"Sem dúvida, o resultado terá impacto no crescimento econômico do país. Se nada acontecer, poderemos sair de uma recessão para uma depressão", afirma o economista Gesner Oliveira, sócio da GO Associados, responsável pelo Boletim Trimestral da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop). Ele explica que, num quadro de depressão, a queda na taxa de crescimento do Brasil é acompanhada da desmobilização do parque produtivo. "E é o que está começando a ocorrer, com empresas fechando as portas", afirma o presidente da Apeop, Luciano Amadio.
Nos últimos 12 meses, o setor fechou 274.000 vagas de emprego formal. Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), que considera empregos formais e informais, o setor já demitiu 609.000 pessoas em um ano. Nada garante que esse movimento será interrompido em breve. Pelo contrário, a expectativa é que continue nesse ritmo, pois não há novas obras para dar impulso ao caixa das empresas, afirmam os representantes da Apeop.
China corta juros pela 3ª vez para estimular economia
Executivos brasileiros são os mais pessimistas, diz pesquisa
"Neste momento de crise, São Paulo deveria assumir um papel de protagonismo para ajudar o país a atravessar a crise. Mas o que vemos são vários projetos parados e nenhuma iniciativa para incrementar os investimentos", reclama Luciano Amadio. Numa pesquisa feita pela GO Associados, 93% das empresas afirmaram que houve redução nas licitações paulista do primeiro semestre de 2015. Outras 33% afirmaram que houve algum tipo de atraso nos pagamentos.
De acordo com a associação, algumas iniciativas do governo do Estado poderiam acelerar os investimentos em infraestrutura, como a concessão de linhas de trens metropolitanos da CPTM, pátios de estacionamento e reforma, ampliação e modernização de escolas de ensino fundamental, entre outras alternativas. "Esses ativos seriam de interesse do setor privado por causa do baixo risco de demanda a eles associados", aponta o relatório da GO Associados.
Pesquisa - A falta de perspectiva de novas obras tem abalado a confiança dos empresários. Para 59% das empresas entrevistadas no setor, as expectativas da economia nacional para os próximos três meses pioraram muito desde o primeiro trimestre. O mesmo sentimento foi transferido para dentro das empresas. No fim do ano passado, 18% das companhias acreditavam que as receitas diminuiriam neste ano. Agora 48% acreditam que o faturamento vai cair.
Para 56% delas, os investimentos serão reduzidos nos próximos 12 meses. "A única variável que pode impedir que o país entre numa depressão é o investimento. Portanto, acelerar as concessões neste momento será uma decisão estratégica", afirma Gesner Oliveira. "É preciso proteger o investimento e reduzir o custeio."
(Com Estadão Conteúdo)
Comentários
Postar um comentário