MP monta força-tarefa para apurar caixa 2 do PT na Bahia
Em entrevista a VEJA, presidente de ONG revelou desvios milionários de verbas públicas para campanhas petistas. Dois ex-secretários do governo da Bahia e uma deputada estadual também são citados no esquema. Dalva Sele vai pedir proteção policial
Em 2007, a presidente do Instituto Brasil, Dalva Sele Paiva (à esq.), organizou uma cerimônia para lançar a obra de um conjunto habitacional destinado a famílias carentes. Os 472 apartamentos seriam financiados com recursos do Programa de Crédito Solidário (embrião do Minha Casa Minha Vida) do Ministério das Cidades, em parceria com o governo da Bahia. A obra ficou paralisada durante anos porque o dinheiro do empreendimento foi retido por causa de irregularidades. Na foto, aparecem ao lado de Dalva Sele o então secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia, Afonso Florence, e a deputada estadual Maria Del Carmen, os mesmos que Dalva acusa agora de se beneficiar do dinheiro desviado pelo instituto (VEJA)
O instituto chegou a movimentar, segundo Dalva Sele, 50 milhões de reais desde 2004. O caso mais emblemático, investigado pelo Ministério Púbico há quatro anos, ocorreu nas eleições municipais de 2008, quando a entidade foi escolhida pelo governo do Estado para construir 1.120 casas populares destinadas a famílias de baixa renda. Os recursos – 17,9 milhões de reais – saíram do Fundo de Combate à Pobreza. Desse total, 6 milhões de reais foram desviados para campanhas do PT. "Quem definia os que receberiam dinheiro era a cúpula do PT. A gente distribuía como todo mundo faz: sacava na boca do caixa e entregava para os candidatos ou gastava diretamente na infraestrutura das campanhas, como aluguel de carros de som e combustível", diz Dalva Sele.
Entre os principais beneficiários desse banco citados por Dalva Sele, estão o senador Walter Pinheiro, vice-lider do PT no Senado, o atual candidato do PT ao governo da Bahia, Rui Costa, e os deputados federais Nelson Pellegrino, Zezéu Ribeiro e Afonso Florence, este último ex-ministro do Desenvolvimento Agrário de Dilma Rousseff. Mas há outros como o atual presidente da Embratur, José Vicente Lima Neto, deputados estaduais, secretários e ex-secretários do governo de Jaques Wagner, como Jorge Solla (Saúde), o ex-superintendente de Educação Clóvis Caribé, a deputada estadual Maria Del Carmen, militantes e dirigentes do PT na Bahia.
Militante histórica do PT, Dalva Sele deixou o país pouco depois de conceder entrevista. Ela afirma temer retaliações do partido e decidiu pedir proteção policial do Ministério Público tão logo comece a colaborar com as investigações. “Tenho receio daquilo que eles podem fazer comigo e com a minha família. Por isso, já estou em contato com os meus advogados para pedir proteção às autoridades”, diz Dalva.
Depois de colher informações e documentos com a operadora do caixa dois do PT baiano, a promotora Rita Tourinho irá ouvir as pessoas citadas por Dalva Sele.
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