Dilma fala nesta terça na Cúpula do Clima em Nova York
Com aumento das taxas de desmatamento na Amazônia e das emissões dos gases do efeito estufa, o cenário que a presidente apresenta não é favorável
A presidente Dilma Rousseff durante coletiva no Palácio do Planalto (Reuters)
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Em 2009, a posição brasileira era bem mais confortável, apontam as principais ONGs que acompanham a agenda climática. Ainda que não tivesse essa obrigação, por ainda estar em processo de desenvolvimento, o país se comprometeu a baixar o volume dos gases entre 36,1% e 38,9% até 2020, assumindo um papel de protagonismo entre seus pares, e a deter o desmatamento na Amazônia em até 80%, lembra Marcio Santilli, sócio-fundador do Instituto Socioambiental. Entre 2005 e 2012, as emissões caíram 36,7%. Mas a curva de lá para cá se inverteu.
"Andamos para trás. Desde 2012 estamos num processo de aumento das emissões, com o abuso das termelétricas e o crescimento do desmatamento em 29% em 2013, além do aumento da frota de automóveis, incentivado pelo governo. O fato de o Brasil estar na contramão teria que ser compensado por uma demonstração de vontade política de se reverter o quadro", acredita Santilli.
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O encontro, para o qual foram chamados não só chefes de Estado e governo, mas também representantes de ONGs e do setor privado, foi marcado para esta terça-feira pelo fato de quarta ser a abertura da Assembleia Geral da ONU (com discurso de Dilma) - ou seja, todos os líderes já estariam em Nova York. Não haverá mesa de negociação: o foco está nos discursos políticos. A intenção da ONU é conseguir arrancar dos governantes declarações ambiciosas com meios concretos de se conter as emissões de gases do efeito estufa e, assim, evitar o aumento da temperatura no planeta em até 2ºC neste século.
Isso para que se chegue a resultados significativos nas próximas conferências do clima, em dezembro deste ano, em Lima, no Peru, e em novembro de 2015, em Paris (a COP 16), e não se repita o fiasco dos últimos encontros, frustrados pelo posicionamento conservador dos países mais ricos. Entre os temas a serem abordados, estão eficiência energética, transportes e agricultura. "A agenda é de urgência climática, e São Paulo, com a falta de água, é um exemplo claro disso. Esses encontros interseccionais são importantes porque o acúmulo de questões dificulta um avanço substancial", explicou André Nahur, coordenador do Programa de Mudanças Climáticas da WWF-Brasil.
A questão eleitoral afeta a agenda brasileira. Em março de 2015, três meses depois da posse do(a) novo(a) presidente, o país terá de enviar à ONU o que pretende apresentar na COP 16. Os pontos do texto brasileiro vêm sendo discutidos com a sociedade civil, Estados, municípios e o setor privado. "O mais preocupante é a falta de planejamento. O Brasil tem que afirmar que vai fazer sua parte e quer chegar a 2030 com emissões bem menores do que as de hoje. Não pode se esconder atrás do discurso de que já fez muito. Temos 1,3 bilhão de toneladas de CO2 por ano e deveríamos baixar para algo perto de 840 milhões", aponta Carlos Rittl, secretário-geral do Observatório do Clima. Hoje, as emissões brasileiras estão entre as dez maiores do mundo.
(Com Estadão Conteúdo)
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