Pular para o conteúdo principal

Ações do BB devem ser vendidas após saque do Fundo Soberano

FSB tem R$ 3,871 bi em papéis do banco estatal. Com isso, governo só conseguirá sacar o valor de R$ 3,5 bi se usar ações do banco

Saque do Fundo Soberano deve levar à venda de ações do Banco do Brasil
Saque do Fundo Soberano deve levar à venda de ações do Banco do Brasil
O governo deverá montar uma operação bilionária de venda das ações do Banco do Brasil (BB) se quiser usar os recursos do Fundo Soberano Nacional (FSB) para ajudar nas contas públicas. Na segunda-feira a equipe econômica de Dilma Rousseff anunciou que tirará 3,5 bilhões de reais do FSB para inchar o superávit primário (economia para pagamento dos juros da dívida pública), aumentando receitas e evitando novos cortes de gastos. Contudo, conforme reportagem do jornal Valor Econômico, o governo só conseguirá sacar o valor se usar papéis do BB, já que 3,871 bilhões de reais do patrimônio do FSB está alocado em ações do banco estatal. Ou isso, ou o governo terá de recorrer à contabilidade criativa novamente.
Ao jornal, o Tesouro Nacional informou que "os recursos do FSB poderão ser monetizados até o final do exercício. O desenho dessa monetização será divulgado oportunamente, mas não está prevista emissão de títulos públicos ou participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)".
Em Nova York, a presidente Dilma Rousseff (PT) defendeu o uso dos recursos, alegando que "o FSB foi feito para isso". "É estarrecedor que questionem a utilização do Fundo Soberano agora que o país cresce menos do que crescia quando foi formado", disse.
Leia mais: Governo vai sacar recursos do Fundo Soberano para cumprir superávit
Moody’'s prevê superávit primário de 1,4% do PIB em 2014
S&P rebaixa nota de crédito do Brasil para BBB-
Fitch quer que próximo governo do Brasil ajuste políticas fiscais
Em 2012, o governo fez manobra parecida. No último dia do ano, o Tesouro Nacional fez um resgate de 8,847 bilhões de reais do Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE) –  braço financeiro do FSB para o BNDES. Uma portaria do Diário Oficial da União de 31 de dezembro autorizava o resgate de títulos públicos neste valor que estavam depositados no Fundo, que é uma espécie de poupança fiscal criada em 2008 para servir de respaldo em períodos de dificuldades econômicas.
O uso de recursos do Fundo Soberano foi considerado o pontapé inicial da degringolada da credibilidade fiscal do Brasil. A alternativa foi considerada oportunista e a prova de que o Planalto havia perdido o rigor técnico.
Em novembro deste ano, após as eleições, o Tesouro fará uma nova avaliação e nada impede que uma redução na meta do superávit primário, por exemplo, torne desnecessário o saque previsto atualmente. Até julho, o governo central havia economizado 13,5 bilhões de reais. O resultado prometido para 2014 é de 80,8 bilhões de reais.
Contabilidade criativa – A triangulação financeira feita com transferência de ações de estatais pertencentes ao FSB para o BNDES (em troca de títulos públicos) foi interpretada pelos analistas com uma tentativa de criar uma peça de ficção, dando origem à expressão 'contabilidade criativa', que caracterizou desde então as manobras fiscais do governo. Lançando mão de medidas como essa, o governo passou a cumprir, apenas no papel, o superávit primário. Desta vez, contudo, não haverá desfaçatez ou triangulação. O próprio Ministério do Planejamento prevê o saque. Será, portanto, um desfalque transparente e descarado, deixando as reservas do Fundo próximas de zero

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular