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Presidente do Irã culpa Ocidente por aumento do terror

Em discurso na ONU, Hassan Rohani afirma que um acordo sobre o programa nuclear criaria ambiente de maior cooperação no combate ao extremismo

O presidente do Irã, Hassan Rohani, discursa na 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York
O presidente do Irã, Hassan Rohani, discursa na 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York (/Reuters)
Em seu segundo discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente do Irã, Hassan Rohani, passou uma imagem menos moderada do que na estreia, no ano passado, e atribuiu a “erros estratégicos” do Ocidente o avanço do extremismo no Oriente Médio. “Erros estratégicos do Ocidente no Oriente Médio, Ásia Central e no Cáucaso transformaram essas partes do mundo em um paraíso para terroristas e extremistas”, afirmou, sem mencionar, obviamente, os laços da República Islâmica com radicais.
“Agressões militares contra o Afeganistão e o Iraque e interferência indevida nos desenvolvimentos na Síria são claros exemplos dessa estratégia errada”, continuou o iraniano, sem citar diretamente os EUA, que nesta semana iniciaram ataques contra o grupo terrorista Estado Islâmico na Síria – bombardeios já estavam sendo realizados no Iraque.
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“Certas agências de inteligência colocaram espadas nas mãos de loucos, que agora não poupam ninguém. Todos aqueles que tiveram um papel em financiar e apoiar esses grupos terroristas devem reconhecer seus erros que levaram ao extremismo. Precisam se desculpar não apenas pelo passado, mas também com a geração futura”, disse Rohani, no que foi visto como uma crítica a adversários regionais como a Arábia Saudita, de maioria sunita.
O iraniano defendeu uma ação global contra o terrorismo em nome do Islã. “Extremistas do mundo todo se encontraram e se uniram. E nós, estamos unidos contra os extremistas?”. Teerã defende que potências regionais, ou seja, o próprio Irã, coordenem os esforços no Iraque e na Síria, seus aliados.
Washington tem repetidamente descartado qualquer coordenação militar com o Irã contra o Estado Islâmico, mas o secretário de Estado John Kerry chegou a admitir na última semana que via espaço para Teerã assumir algum papel no combate aos selvagens do Levante. Analistas apontam que o grupo terrorista sunita apresenta desafios estratégicos e geopolíticos para os planos do Irã de formar um “crescente xiita” na região que vai do Irã ao Iraque, Síria e Líbano.
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O regime dos aiatolás tem condicionado sua participação em qualquer esforço contra o EI liderado pelos EUA ao fim das sanções impostas em meio às negociações sobre o programa nuclear iraniano. Na ONU, Rohani repetiu que o Irã não vai abrir mão de sua capacidade de enriquecer urânio, insistindo na finalidade pacífica do programa nuclear – enquanto o país constrói secretamente sua bomba atômica.
O presidente considerou as sanções um obstáculo para que chegue a um consenso nas negociações sobre o tema. Para Rohani, um acordo duradouro criaria um ambiente “para cooperação regional e internacional, permitindo que se tenha como foco algumas questões regionais muito importantes, como o combate ao extremismo e à violência”.
O prazo para se chegar a um acordo foi estendido até o final de novembro. As conversas envolvendo Irã, Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia e China não têm sido animadoras até aqui. Ontem, Rohani e o primeiro-ministro britânico David Cameron tiveram um encontro, o primeiro de lideranças dos dois países em 35 anos. Se o iraniano descreveu o diálogo como “construtivo e pragmático”, Cameron afirmou que os dois tiveram “discordâncias graves”, ressaltando que “o apoio do Irã a organizações terroristas, seu programa nuclear e o tratamento dado à população, tudo isso precisa mudar”.
“Os líderes iranianos poderiam ajudar a derrotar a ameaça do EI, poderiam ajudar a garantir um Iraque mais estável e inclusivo e uma Síria mais estável e inclusiva. E se estiver preparado para fazer isso, então deveríamos celebrar seu engajamento”, avaliou Cameron, ao discursar na Assembleia Geral da ONU.

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