Ucrânia acusa Rússia de liderar nova ofensiva no leste
Separatistas pró-Moscou avançam para nova frente de batalha ao invadir cidade na região do mar Azov. Ação demonstra que solução para conflito está distante
Separatista ucraniano patrulha ruas de Donetsk carregando um rifle (Reuters)
Em mais uma demonstração de que o conflito na Ucrânia está longe de uma solução, o governo ucraniano acusou a Rússia nessa quarta-feira de realizar novas incursões militares no país. As acusações surgem um dia depois de um encontro entre os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Ucrânia, Petro Poroshenko, para discutir a crise. Segundo o governo de Kiev, tropas russas tomaram vários vilarejos em uma nova ofensiva voltada mais para o sul, na região do mar Azov.
Nesta quarta, uma página na internet mantida por um separatista afirmou que a cidade de Novoazovsk, com 12.700 habitantes, havia sido capturada, informação confirmada pelo prefeito local mas negada pelo governo ucraniano, que admite, no entanto, que a localidade é alvo de ataques há vários dias e que os confrontos deixaram ao menos treze mortos. O discurso oficial limita o avanço dos separatistas à captura de vilarejos ao norte da cidade.
Os Estados Unidos também acusaram nesta quarta-feira as incursões de unidades militares russas na Ucrânia. "Essas incursões indicam que, provavelmente, está em andamento uma contraofensiva dirigida pela Rússia em Donetsk e em Lugansk", disse à imprensa a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki. "Claramente, esta é uma grande preocupação para nós".
Psaki também disse que Washington notou uma "falta de vontade da Rússia em dizer a verdade, inclusive quando seus soldados são vistos 48 quilômetros dentro da Ucrânia". Ela também citou informações de soldados feridos no hospital de São Petersburgo e disse que a Rússia está "enviando seus jovens à Ucrânia, mas não está dizendo para onde estão indo ou dizendo a seus pais o que estão fazendo".
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Os ataques abrem um novo front no conflito, junto com Donetsk e Lugansk, localizadas mais ao norte. Em todas as frentes, há operação militar de Moscou, embora o presidente Putin insista em negar a realidade. Oficiais ucranianos asseguram que a ofensiva na área do mar de Azov não poderia ser lançada sem o apoio russo. Uma coluna com 100 veículos blindados que entrou no território ucraniano no início desta semana também estaria circundando as cidades do sul. Trincheiras foram cavadas pelo Exército da Ucrânia em torno do município de Mariupol, no caminho que liga a Rússia à península da Crimeia, anexada ilegalmente por Moscou no início deste ano.
Soldados ucranianos admitem que o surgimento de uma terceira frente mina qualquer resistência militar perante tanques russos. “Os russos podem avançar o quanto eles quiserem”, afirmou um voluntário do Exército ao Wall Street Journal. A nova escalada de tensão provocou repulsa internacional. O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, criticou o envolvimento direto de Moscou nos conflitos internos da Ucrânia. “Ninguém mais pode falar com seriedade em separatistas. As informações foram obtidas pela Otan e confirmadas pelo nosso serviço de inteligência. Elas são basicamente inequívocas."
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Depois do encontro com Putin, Poroshenko falou em trabalhar por um cessar-fogo no leste do país. O governo teme, no entanto, que a assinatura de um acordo possa perpetuar o domínio dos separatistas nas áreas de Donetsk e Lugansk.
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