Pular para o conteúdo principal

Dilma diz no “Jornal Nacional” que PT criou a Controladoria-Geral da União. Está errado! A CGU foi criada em 2001, no governo… FHC!

Cuidado, Wikipédia! O Planalto pode tentar mudar a história da Controladoria-Geral da União e atribuir a paternidade a Lula. Seria mais uma batida na carteira do governo FHC. Afinal, como se sabe, o PT reivindica até mesmo ter debelado a inflação no país, não é? Daqui a pouco, vai dizer que foi o criador do Plano Real. Ao afirmar que os governos petistas combateram a corrupção como nenhum outro, Dilma saiu-se com a seguinte resposta:
“Bonner, (…) nós, justamente, fomos aquele governo que mais estruturou os mecanismos de combate à corrupção, à irregularidade e maus-feitos. Por exemplo, a Polícia Federal, no meu governo e no do presidente Lula, ganhou imensa autonomia. Para investigar, para descobrir, para prender. Além disso, nós tivemos uma relação muito respeitosa com o Ministério Público. Nenhum procurador-geral da República foi chamado, no meu governo ou no do presidente Lula, de engavetador-geral da República. Por quê? Porque também escolhemos, com absoluta isenção, os procuradores. Outra coisa: fomos nós que criamos a Controladoria-Geral da União, que se transformou num órgão forte e também que investigou e descobriu muitos casos. Terceiro, aliás, eu já estou no quarto. Nós criamos a Lei de Acesso à Informação. Criamos, no governo, um portal da transparência. (…)
Bem, vamos ver. Quem apelidou o então procurador-geral da República de “engavetador-geral da República” foi o PT, que sempre é bom para dar apelidos que desmerecem os adversários, não é mesmo? De resto, o Ministério Público não tem hoje nem mais nem menos autonomia do que tinha no governo FHC. A acusação que Dilma faz, no fim das contas, não é dirigida nem contra Brindeiro nem contra o ex-presidente, mas atinge o próprio MP. Como esquecer que, quando o PT era oposição, uma ala de procuradores militantes passou a atuar de maneira escancaradamente política para produzir uma indústria de denúncias? Isso é apenas um fato.
Mas esse nem é o ponto principal. À diferença do que disse a presidente no Jornal Nacional, não foi o governo petista que criou a Controladoria-Geral da União. Foi o governo FHC, em 2001, por meio da Medida Provisória n° 2.143-31, 2 de abril de 2001. O órgão se chamava, então, Corregedoria-Geral da União. Houve apenas uma mudança de nome, mas não de função: combater, no âmbito do Poder Executivo Federal, a fraude e a corrupção e promover a defesa do patrimônio público.
A ministra que primeiro assumiu a CGU foi Anadyr Mendonça, que prestou um relevante serviço na consolidação do órgão. Pois é… Lula já tomou para si o “Bolsa Família”, que é um ajuntamento de benefícios que já eram pagos no governo FHC. Agora, Dilma muda a história para afirmar que a CGU, criada na governo tucano, também é obra de seu partido.
É até desejável que governantes sejam criativos em matéria de futuro. Ser criativo com o passado costuma caracterizar fraude intelectual.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular