Embaixador da Ucrânia no Brasil denuncia invasão russa
Em artigo, Rostyslav Tronenko faz apelo à comunidade internacional, incluindo o Brasil, para que se oponha à agressão de Moscou ao território ucraniano
Com estas ações de cinismo, logo após a reunião presidencial em Minsk e na véspera das cúpulas da União Europeia e da Otan, a Rússia demonstra o seu desprezo ao direito internacional, desafiando o mundo democrático e destruindo a ordem mundial. Durante o encontro dos presidentes da Ucrânia, Bielorrúsia, Cazaquistão, Rússia e altos representantes da União Europeia, realizada terça-feira, na capital bielorrussa, o nosso país mostrou a sua disposição para uma resolução pacífica do conflito. Todos os participantes da reunião expressaram o apoio ao Plano Pacífico do presidente Petro Poroshenko como base para os esforços posteriores da redução do conflito. Infelizmente, a Rússia uma vez mais não cumpre os compromissos acordados.
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Como resultado da invasão das unidades regulares do exército russo na Ucrânia criou-se uma nova situação. De fato isso significa um novo passo na implementação da estratégia do Kremlin – cujos elementos integrantes são: a guerra não declarada, a incitação da desordem e do desequilíbrio na Ucrânia, o uso de fraquezas do Ocidente.
Ficou evidente que as tentativas de resolver o problema por meio da persuasão do Kremlin, juntamente com as sanções falharam. O agressor avança sem prestar atenção às perdas econômicas e políticas. Ele entende que as sanções são temporárias, enquanto as zonas de influência conquistadas são uma coisa mais estável.
Considerando isso, o agressor está jogando um longo jogo, entendendo as fraquezas do Ocidente e a difícil situação econômica da Ucrânia. A tarefa é a criação de um novo status quo global, a tarefa máxima é desequilibrar o sistema financeiro e a economia mundial.
Deste jeito a Rússia puxa todo o mundo para uma guerra.
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Agora, a Ucrânia de fato é um campo da guerra entre o Ocidente e o Oriente. Da guerra que o Ocidente está tentando evitar e a Rússia, ao contrário, está tentando incitar. Nesta guerra a Ucrânia está lutando em vez do Ocidente, enquanto o Ocidente ignora a realidade.
A Rússia espera que a UE e a Otan novamente não responderão, limitando-se a expressar preocupação em resposta a uma invasão militar. A Rússia quer mostrar ao mundo que as potências mundiais não são capazes de reagir às suas ações, e declarar a falha dos planos do Ocidente de construir um sistema de segurança eficaz.
A Europa está na frente da escolha não tática, mas estratégica e fundamental. A Europa está à beira de uma grande guerra que, em comparação com os conflitos nos Balcãs e na Chechênia parecerão uma brincadeira. Trata-se de uma potência militar nuclear que ignora os jogadores globais e o direito internacional. O Ocidente e a Europa devem agir agora, se quiserem evitar complicações maiores.
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A Ucrânia tomará todas as medidas para realizar o seu direito inalienável à autodefesa nos termos do artigo 51 da Carta das Nações Unidas.
Apelamos à comunidade democrática internacional, especialmente aos nossos parceiros estratégicos, entre ele o Brasil, a Otan e a União Europeia, para fornecerem ao nosso país uma ajuda eficaz para se opor à agressão russa.
* Rostyslav Tronenko é embaixador da Ucrânia no Brasil
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