Pular para o conteúdo principal

BC pode intervir nos atrasos de pagamentos do Tesouro à Caixa

União tem atrasado repasses para bancar programas sociais, como o Bolsa Família, com o objetivo de melhorar resultado fiscal artificialmente

Agência da Caixa Econômica Federal em São Paulo
Agência da Caixa Econômica Federal em São Paulo
O governo federal está diante de uma decisão que pode ter grande impacto nas contas públicas. O Banco Central (BC) avalia intervir nos atrasos do Tesouro em relação aos repasses à Caixa para financiar programas sociais, como o Bolsa Família.
A intenção do BC é incorporar às estatísticas das contas da União os créditos carregados pelos bancos públicos e privados em operações financiadas com recursos do Tesouro Nacional. É justamente a falta de registro destas operações que tem permitido ao Tesouro Nacional fazer as chamadas "pedaladas de despesas", ou seja, os atrasos nos pagamentos aos bancos (públicos e privados) de recursos obrigatórios para bancar programas sociais, como o Bolsa Família e abono salarial, e gastos previdenciários, como aposentadorias e pensões.
Fontes do BC informaram que a decisão final depende de análises jurídicas em curso na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, na procuradoria do Banco Central e na Advocacia-Geral da União (AGU). Segundo essas fontes, a autoridade monetária está "avaliando a natureza econômica desses saldos, levando em conta os aspectos jurídicos da prestação de serviços contratada entre as instituições financeiras e o Tesouro, de forma a considerar esses montantes, se for o caso, na apuração fiscal".
Leia também:
Governo atrasa repasse de verbas de benefícios à Caixa 
Caixa é pressionada a ajudar governo a pagar contas 

Impacto — Essas "pedaladas" têm ajudado o Tesouro a melhorar artificialmente, em determinados meses, o resultado das contas públicas, ao apresentar despesas menores do que aquelas efetivamente devidas. Uma decisão favorável à incorporação dos registros fiscais colocaria fim à manobra.
Com a disseminação desses atrasos, a área de fiscalização do Banco Central passou a questionar os bancos. A Caixa tem assumido as despesas com capital próprio e feito os pagamentos em dia.
Como informou o jornal O Estado de S. Paulo na semana passada, a AGU criou uma Câmara de Arbitragem, a pedido da Caixa, para arbitrar uma disputa entre Caixa, Tesouro e BC em torno dos atrasos.
Leia também:
Setor público tem rombo de R$ 2,1 bilhões em junho
Contas do governo têm pior resultado desde 2000 no 1º semestre
Dívida pública sobe 3,77% para R$ 2,202 trilhões em junho 

Depois de ser questionada pela área de fiscalização do Banco Central por causa dos constantes saldos negativos nas contas sociais, a Caixa buscou uma solução inédita, e foi à AGU.
Quando o Tesouro atrasa pagamentos às instituições financeiras, precisa compensá-las pagando juros atrelados à taxa Selic, hoje em 11% ao ano. Ou seja: o Tesouro ganha no curto prazo, ao apresentar despesas menores, mas se endivida com os bancos. Quem paga a conta são os cofres públicos, ou seja, o contribuinte.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.