Pular para o conteúdo principal

Tesouro desembolsa apenas um terço dos repasses no 1º semestre

Segundo jornal 'Folha de S. Paulo', do total estimado para o ano (R$ 28,4 bilhões) em subsídios e pagamentos, só foram repassados R$ 9,4 bilhões até junho

Com manobras, Tesouro consegue melhorar artificialmente o resultado das contas públicas
Com manobras, Tesouro consegue melhorar artificialmente o resultado das contas públicas (Reuters)
O Tesouro só repassou um terço do montante previsto para 2014 em pagamentos e desembolsos a diversos setores, como agricultura, energia elétrica, exportações e investimentos. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, os dados de execução do Orçamento mostram que foram desembolsados no primeiro semestre apenas 9,4 bilhões de reais dos 28,4 bilhões programados para todo o ano. Especialistas acreditam que os atrasos são uma estratégia do governo para inflar as contas públicas em um momento de receitas magras. O Tesouro consegue, assim, melhorar artificialmente em determinados meses o resultado das contas públicas, ao apresentar despesas menores do que aquelas efetivamente devidas.
Os subsídios concedidos pelo próprio governo em sua estratégia de estimular a economia ajudam os setores a oferecer serviços e produtos a preços e financiamentos mais acessíveis aos consumidores. Em resposta ao jornal, a Secretaria do Tesouro nega atrasos nos desembolsos, argumentando que nos contratos firmados não há data prevista para os tais pagamentos ocorrerem.
Leia mais: BC pode intervir nos atrasos de pagamentos do Tesouro à Caixa
Governo atrasa repasse de verbas de benefícios à Caixa 
Caixa é pressionada a ajudar governo a pagar contas 

Nas últimas semanas já haviam saído notícias sobre os atrasos nos repasses a bancos (públicos e privados), conhecidos como "pedaladas de despesas". O Tesouro deixou de transferir às instituições parte de recursos obrigatórios para bancar programas sociais, como o Bolsa Família e abono salarial, e gastos previdenciários, como aposentadorias e pensões.
Com a disseminação dos atrasos, a área de fiscalização do Banco Central passou a questionar os bancos. A Caixa Econômica, por exemplo, tem assumido as despesas com capital próprio e feito os pagamentos em dia, prejudicando seu próprio orçamento.
O setor elétrico já reclama também: dos 13 bilhões de reais prometidos em ajuda, apenas 4,1 bilhões de reais foram pagos no primeiro semestre ao sistema Eletrobras.
Leia também: Setor público tem rombo de R$ 2,1 bilhões em junho
Contas do governo têm pior resultado desde 2000 no 1º semestre
Dívida pública sobe 3,77% para R$ 2,202 trilhões em junho 

Investigação - O Ministério Público pediu na quinta-feira ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma investigação do órgão no BC e Tesouro para apurar as "pedaladas fiscais" nos repasses do governo aos bancos. O argumento é que esses adiamentos estão aumentando o endividamento público, já que as instituições precisarão depois cobrar a conta.
No entendimento do Ministério Público, a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal, como a Caixa, e o Tesouro é vedada pelo artigo 36 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Se for confirmado que essas antecipações configuram empréstimos dos bancos à União, será preciso identificar os responsáveis para prestar esclarecimentos e serem punidos, em caso de condenação.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular