Contas do governo têm pior resultado desde 2000 no 1º semestre
Resultado primário ficou negativo em R$ 1,946 bilhão em junho, informou o Tesouro Nacional; no acumulado do ano, superávit é de R$ 17,238 bilhões
Ministro da Fazenda, Guido Mantega (Reuters)
O resultado fiscal é a diferença entre os gastos e receitas do governo central. Quando as receitas superam as despesas, há o superávit primário, usado para arcar com os juros da dívida. Contudo, esse é o segundo mês consecutivo em que as contas ficam no vermelho. A deterioração das contas públicas tem sido motivo de apreensão tanto no governo quanto para investidores. O resultado de 2014 é, inclusive, pior do que o verificado em 2008 e 2009, anos de crise, em que a arrecadação foi penalizada e o governo teve de financiar políticas anticíclicas para amenizar os efeitos da crise financeira internacional.
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O resultado negativo foi impactado, sobretudo, pelo resultado da Previdência Social, que apresentou, no mês passado, déficit de 4,508 bilhões de reais — alta de 16,2% em relação ao mesmo mês de 2013. O impacto positivo foi o recebimento de 1,479 bilhão de reais em dividendos de estatais, muito acima dos 780 milhões de reais vistos em maio.
Em junho, as receitas líquidas do governo central somaram 78,461 bilhões de reais, quase 15% a mais frente a maio. No acumulado do semestre, somam 491,202 bilhões de reais, o que representa alta de 6,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Já as despesas somaram 80,407 bilhões de reais em junho, com alta de 2% em comparação ao mês anterior. Nos seis primeiros meses do ano, elas somam 473,964 bilhões de reais, alta de 10,6% em relação ao ano passado.
O resultado ruim mostra que as contas públicas seguem influenciadas pela economia fraca, o que tem levado o governo a recorrer às receitas extraordinárias para tentar fechar suas contas. Neste ano, a projeção é de que elas somarão 31,6 bilhões de reais. Também têm pesado as fortes desonerações tributárias que, no semestre passado, somaram cerca de 51 bilhões de reais, quase 45% a mais do que em igual período de 2013.
Em 2014, a meta de superávit primário do setor público consolidado (a soma das contas do governo central, Estados, municípios e estatais) é de 99 bilhões de reais, o equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB).
(Com Reuters)
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