Pular para o conteúdo principal

BC investiga conta paralela de R$ 4 bilhões da União

Depósito, realizado por banco privado com créditos do Tesouro, reduziu de R$ 15 bilhões para R$ 11 bilhões rombo nas contas do governo em maio

BC pode aplicar uma multa ao banco privado
BC pode aplicar uma multa ao banco privado (Reuters)
A operação realizada pelo banco privado nacional que resultou na colocação de 4 bilhões de reais em créditos da União em uma conta paralela, descoberta pelo Banco Central (BC) em maio, está sendo investigada pela autoridade monetária. O BC instaurou um procedimento de análise, coordenado pela área de supervisão, para averiguar as razões da mudança contábil detectada poucos dias antes de o caso ser revelado há duas semanas.
Às vésperas do anúncio oficial do resultado fiscal da União pelo Tesouro, o BC encontrou uma conta de 4 bilhões de reais de um banco privado que não estava até então em seu radar. O Ministério da Fazenda não explicou a origem desses recursos, mas o BC informou que o dinheiro representava um crédito a favor da União registrado em uma conta paralela. Os 4 bilhões de reais estavam registrados em uma conta fora do rol daquelas verificadas pelo BC para calcular o resultado fiscal.
A operação, confirmada pelo BC, ajudou o Tesouro a reduzir o déficit primário das contas públicas de maio. O governo divulgaria um rombo de 15 bilhões de reais, mas acabou por anunciar um buraco de 11,05 bilhões de reais. Mesmo assim, esse desempenho foi o pior da história para meses de maio.
Leia também: Copom vê inflação resistente nos próximos trimestres 
Governo reduz previsão de alta do PIB para 1,8% em 2014  

Supervisão - A decisão da autoridade monetária de fiscalizar a alteração contábil revela que, embora tenha havido um esforço para tratar o episódio como uma operação usual, o movimento está sob suspeita. Os supervisores apuram se houve violação com dolo, isto é, com sentido de desvio irregular, ou se houve apenas um erro de apuração.
Caso seja passível de punição, o BC pode aplicar uma multa ao banco privado onde a conta foi "descoberta". Ele poderá, contudo, contestar a decisão. O BC também pode ainda decidir por desabilitar os responsáveis por uma suposta violação.
Segundo advogados que acompanham casos do sistema financeiro e economistas com passagens pelo BC, a área de supervisão é uma das "mais sigilosas" de toda a estrutura de regulação e fiscalização da autoridade monetária. De acordo com essas fontes, é incomum o fato de o BC ter dado publicidade à análise, em nota oficial publicada em seu site, mas a estratégia pode ter sido um sinal de que a conta paralela que escapou ao seu sistema de verificação fiscal será investigada.
Leia também: PGR reduz lucro dos bancos com planos econômicos  
Critério - O BC apura os dados fiscais pelo critério "abaixo da linha", isto é, pelo conceito de patrimônio, cruzando todos os ativos e os passivos da União. No critério do Tesouro, chamado "acima da linha" no jargão de contabilidade pública, a apuração é feita pelo fluxo de caixa, ou seja, levanta o saldo entre todos os recursos que entram e saem do caixa da União.
A diferença entre os critérios costuma ser mínima. Segundo dados de um ex-integrante do governo, a divergência entre os dados do Tesouro e do BC entre 1997 e 2013 foi de apenas 37 milhões de reais, por ano, em média. Por isso, a discrepância de 4 bilhões de reais, apenas em um mês (maio de 2014), é relevante e acende o sinal vermelho de que algo possa estar errado.
BC e Tesouro não revelaram até agora qual era a natureza do crédito encontrado no banco privado.O BC afirmou na quarta-feira que "nada tem a acrescentar à nota de esclarecimento divulgada em sua página, sendo que não comenta atos específicos de supervisão". Fontes da equipe econômica informaram, no entanto, que a mudança nos procedimentos contábeis do banco privado está relacionada a atrasos no pagamentos de despesas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ainda não explicados pelo Ministério da Fazenda.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p