Novos bombardeios matam civis em Gaza e em Israel
Morteiro do Hamas vitimou quatro israelenses em região da fronteira, enquanto ataque de míssil deixou dez palestinos mortos em um campo de refugiados
O Exército de Israel culpou mísseis errantes de terroristas palestinos pelo ataque que vitimou civis na Faixa de Gaza. Um comunicado emitido nesta segunda-feira isenta os militares de qualquer responsabilidade no bombardeio que deixou ao menos dez palestinos mortos e quarenta feridos em um campo de refugiados. "Há pouco, o hospital Al-Shifa e o campo de refugiados de Al-Sahti foram atingidos por ataques de foguetes fracassados disparados por terroristas de Gaza", disse a nota israelense.
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O porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf al Qedra, denunciou dois bombardeios simultâneos na região, um dos quais teve como alvo um parque localizado ao oeste do campo de refugiados de Al-Shati, enquanto o segundo acertou as clínicas externas do hospital Al-Shifa. Contrariando a versão da Defesa israelense, testemunhas disseram que um drone (avião não-tripulado) do Exército de Israel lançou um projétil contra a região perto do campo de refugiados onde várias crianças brincavam. Os passageiros de um carro também foram atingidos e tiveram seus corpos mutilados. Outras três pessoas morreram atingidas por um míssil disparado contra o hospital Al-Shifa.
Vítimas israelenses – De acordo com a imprensa de Israel, quatro civis israelenses morreram e dezenas ficaram feridos nesta segunda após um morteiro atingir Eshkol, uma comunidade localizada próxima à Faixa de Gaza. Segundo o jornal The Times Of Israel, o Hamas celebrou o "sucesso" da ofensiva após a confirmação das mortes. A Estrela de David Vermelha, equivalente à Cruz Vermelha de Israel, informou que quatro dos feridos estão em estado crítico e outros quatro se encontram em situação grave.
Escudos-humanos – O Hamas, grupo terrorista que controla a Faixa de Gaza, costuma ameaçar as pessoas que tentam fugir dos locais dos bombardeios justamente para tentar fazer com que as imagens de vítimas civis choquem o mundo. Em pelo menos uma dessas oportunidades, a Força Aérea israelense suspendeu um ataque depois que dezenas de civis subiram em um prédio que seria bombardeado. Os civis estavam sendo usados como escudos-humanos para proteger instalações do Hamas.
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Desde que Israel iniciou a nova operação militar na Faixa de Gaza, mais de 1.000 palestinos morreram e aproximadamente 6.000 ficaram feridos, de acordo com fontes médicas. Durante a manhã, o Exército de Israel havia confirmado que suas forças tinham atacado várias posições ao norte e ao leste de Gaza, em resposta ao disparo de doze foguetes e bombas que feriram um soldado israelense.
Críticas da ONU – O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, afirmou nesta segunda-feira que a situação na Faixa de Gaza é "crítica" e acusou Israel de realizar uma operação muito dura no território. "Os números de vítimas e de danos colocam sérias dúvidas sobre a proporcionalidade" da atuação armada de Israel, disse Ban em declarações aos jornalistas na sede das Nações Unidas. O diplomata sul-coreano, que também denunciou os ataques do Hamas sobre território israelense, exigiu que os dois lados em conflito demonstrem "humanidade" e parem com a escalada de violência.
Ban, que voltou a Nova York após uma viagem pelo Oriente Médio, alertou para a tragédia vivida pelos palestinos em Gaza. "O povo de Gaza não tem para onde fugir. Estão presos e sitiados", denunciou o secretário-geral da ONU. Segundo Ban, toda a região é uma "área civil" e "todas as casas, escolas, refúgios se transformaram em alvo". O diplomata afirmou que mais de 173 mil moradores de Gaza buscaram refúgio em instalações da missão da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), o que representa 10% da população local. "Repito minha chamada para que Israel e todas as partes assegurem a segurança destes lugares", disse.
Em resposta ao pedido de cessar-fogo feito pelo Conselho de Segurança da ONU, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comunicou nesta segunda que a declaração não responde às "exigências de segurança". Netanyahu, que conversou por telefone com Ban Ki-Moon, lamentou que "a declaração do Conselho de Segurança não menciona os ataques contra a população civil israelense e o fato de o Hamas usar os moradores de Gaza como escudos humanos ou de as instalações da ONU serem usadas para atacar civis israelenses".
(Com agência EFE)
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