Opositor russo inicia greve de fome após ser condenado
Sergei Udaltsov era um dos líderes das manifestações que reuniram milhares de pessoas insatisfeitas com o governo de Vladimir Putin, entre 2011 e 2012
O opositor russo Sergei Udaltsov posa durante a audiência que o condenou a quatro anos e meio de prisão (Reuters)
O veredito foi anunciado pela Justiça russa ontem. Um apoiador de Udaltsov, Leonid Razvozjaev, também foi condenado pelos mesmos crimes e à mesma sentença. Eles se disseram inocentes e acusaram o sistema judicial do país de instaurar uma "caça às bruxas", conforme reportou o The Wall Street Journal.
Político da Frente de Esquerda, Udaltsov foi preso catorze vezes por motivos políticos em 2011 e em todas elas iniciou uma greve de fome. Ele foi um dos nomes da oposição a surgir durante as manifestações que tiveram início no final de 2011 e se estenderam até 2012. Na ocasião, milhares de pessoas foram às ruas expressar sua revolta contra as eleições fraudulentas para o Parlamento. A indignação foi sustentada por vídeos comprovando a fabricação dos resultados eleitorais favoráveis ao partido Rússia Unida, criado e controlado pelo então primeiro-ministro Putin, que, na sequência, se elegeu presidente. As marchas foram as maiores vistas na Rússia desde o colapso da União Soviética, em 1991.
Mais de vinte pessoas foram presas durante as manifestações sob a prerrogativa de promover "distúrbios em massa" no país. Oito dos presos já foram condenados pela Justiça, mas Udaltsov e Razvozjaev eram os que enfrentavam as acusações mais graves. Uma investigação contra os opositores foi aberta após a rede de televisão pró-Kremlin NTV transmitir um documentário afirmando que vários adversários políticos de Putin, entre eles Udaltsov, se preparavam para derrubar o governo.
Para opositores, o Kremlin está aproveitando que todas as atenções estão voltadas para a crise na Ucrânia para reprimir seus adversários. Há críticas ainda à condenação de Razvozjaev, que teria violado leis internacionais. Ele afirma que estava pedindo asilo no escritório do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, localizado na Ucrânia, quando foi raptado por forças de segurança russas e levado à força de volta à Rússia. A denúncia fez com que organizações não-governamentais, como a Anistia Internacional, pedissem sua libertação. Moscou, no entanto, rejeita a acusação e afirma que o opositor se entregou às autoridades.
(Com agência France-Presse)
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