Expectativa de crescimento ladeira abaixo: chegou a estagflação!
O relatório Focus, divulgado hoje pelo Banco Central e que compila a estimativa dos principais analistas do mercado, projeta um crescimento abaixo de 1% pela primeira vez para 2014. Historicamente, os analistas costumam errar para cima, sempre se mostrando mais otimistas do que a realidade permite.
O que estamos vendo é um rápido ajuste nas previsões de todos, diante de um cenário cada vez mais sombrio. A queda nas expectativas está ocorrendo de forma bastante acentuada a cada nova semana de divulgação:
Quando lembramos que o ministro Guido Mantega falava em crescer mais de 3% no ano, com inflação sob controle, vemos o quão distante da realidade está o governo Dilma. A equipe econômica parece completamente perdida, sem compreender como chegamos nesse quadro tão preocupante, que praticamente já se configura numa estagflação.
O governo estimulou artificialmente a demanda, expandiu gastos e crédito públicos, e acreditou que era possível simplesmente intervir de cima para baixo no lado da oferta, com subsídios pontuais ou controle de preços. Eis o resultado: a produção não é capaz de acompanhar a demanda, a inflação sobe, a economia retrai. Acabamos sem crescimento e com elevada inflação.
O economista Samuel Pessôa, em sua coluna deste domingo na Folha, fez um resumo da anatomia da estagflação. Usando como exemplo o caso do setor automotivo, ele conclui:
A indústria automobilística é somente um exemplo do impacto desastroso de uma política microeconômica cujo princípio básico é ser discricionária e de uma política macroeconômica que reduz a previsibilidade e aumenta a expectativa de inflação. Em ambos os casos, trocam-se regimes e regras por medidas “ad hoc”, sem fundamento na teoria econômica padrão.
A demanda cai em razão da política monetária mais apertada e a oferta cai como resultado da desorganização produtiva induzida pela política econômica. Oferta e demanda para baixo resultam em atividade em retração apesar da estabilidade da inflação. O longo prazo chegou. Construímos a estagflação.
Construímos, aqui, quer dizer o governo. A estagflação é uma política deliberada de governo, pois a inflação depende diretamente das políticas fiscal e monetária, controladas pelo governo. O excesso de intervencionismo afugentou os investidores também, prejudicando o lado da oferta. Outra política escolhida pelo governo Dilma.
Não chegamos aqui por acaso, por obra do destino, por ganância de empresários ou por consipiração mundial. Chegamos nessa situação horrenda por equívocos cometidos por um governo incompetente e arrogante, que abraçou o nacional-desenvolvimentismo, uma ideologia completamente fora da realidade. E não há indício algum de que Dilma e sua equipe reconheçam isso…
Rodrigo Constantino
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