Visita de Dilma foi comunicada ao governo português na quinta-feira
Informação refuta versão oficial do Planalto, de que a viagem a Lisboa foi decidida no sábado, dia em que a presidente deixou a Suíça
A presidente Dilma Rousseff discursa, nesta sexta-feira (24/1), da 44ª edição anual do Fórum Econômico Mundial, em Davos, nos Alpes Suíços (Reuters)
A estadia de Dilma na Suíça durou três dias, entre quinta-feira e sábado, para participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos. Segundo a agenda oficial, o próximo destino da comitiva seria Cuba. No entanto, a presidente e seu séquito desembarcaram em Lisboa para passar o sábado e a manhã de domingo.
Na noite de sábado, a presidente e membros da comitiva jantaram em um dos mais luxuosos restaurantes da cidade e se hospedaram nos hotéis Ritz e Tivoli – 45 quartos foram usados para acomodar a equipe.
O Palácio do Planalto afirmou que a escala de Dilma em Portugal se tratava de uma "parada técnica" não prevista. A versão foi dada primeiro pela ministra Helena Chagas (Comunicação Social), no fim de semana, e reiterada nesta segunda por Figueiredo, em Havana.
Pela versão oficial, o plano era sair da Suíça no sábado, parar nos Estados Unidos para abastecer as duas aeronaves oficiais e chegar a Cuba no domingo. Mas o mau tempo teria obrigado a comitiva a mudar de planos na véspera e desembarcar em Lisboa.
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Desde quinta-feira, porém, o diretor do cerimonial do governo português, o embaixador Almeida Lima, estava escalado para recepcionar Dilma e sua comitiva no fim de semana. Joachim Koerper, chef do restaurante Eleven, onde Dilma jantou em Lisboa com ministros e assessores, recebeu pedidos de reserva na quinta-feira.
O chef postou em uma rede social uma foto ao lado de Dilma no restaurante - um dos poucos de Lisboa a ter uma estrela no Guia Michelin, uma das mais tradicionais publicações sobre viagens do mundo.
Mal-estar - A divulgação da parada em Lisboa aborreceu Dilma e criou mal-estar quando ela desembarcou em Havana. Nesta segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores foi destacado para falar à imprensa sobre o assunto. Primeiramente, repetiu a versão oficial: "Havia duas possibilidades: ou o Nordeste dos Estados Unidos, ou parando em Lisboa, onde era o ponto mais a oeste do continente. Viu-se que havia previsão de mau tempo com marolas polares no Nordeste dos Estados Unidos. Então, houve uma decisão da Aeronáutica de que o voo mais seguro seria com escala em Lisboa", afirmou o ministro.
Em seguida disse que cada um dos integrantes da comitiva presidencial que jantaram no Eleven pagou sua própria despesa. "Cada um pagou o seu e a presidenta, o dela, como ocorre em todas as viagens. Foi com cartão pessoal."
A Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto se limitou a informar que, "por questões de segurança", "não tece comentários sobre detalhamentos das equipes, cabendo apenas ressaltar que elas são compostas a partir de critérios técnicos e adequadas às necessidades específicas previstas para cada viagem".
A ida de Dilma a Lisboa só passou a constar da agenda oficial da presidente às 13h50 de domingo, horário de Brasília, quase 24 horas depois de a presidente chegar à capital portuguesa. Naquela hora a presidente já tinha decolado em direção a Havana.
Oposição - Líderes da oposição classificaram o episódio como "mau exemplo" de Dilma. Criticaram o fato de a viagem não ter sido divulgada nem o preço pago pelas hospedagens no hotel onde a presidente ficou. Na tabela, o pernoite em uma suíte do Ritz custa 26.000 reais.
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