Para órgãos latino-americanos, ajuste cambial na Argentina não surpreende
Economista diz que mudança da política cambial era inevitável diante da insustentabilidade da situação econômica no país
O governo de Cristina Kirchner anunciou na sexta-feira o relaxamento das restrições cambiais (Reuters)
Na quinta-feira, o peso argentino registrou a maior queda frente ao dólar em quase 12 anos ao perder 11% de seu valor devido às dúvidas sobre a economia e à falta de divisas. A moeda fechou a 8 pesos por dólar no mercado interbancário, depois de chegar a cair 14,2%, a 8,30 pesos. A presidente afirmou que não induziu a desvalorização, mas, em seguida, seus ministros anunciaram que no próximo dia 27 haverá liberação da compra da moeda americana para pessoas físicas. O anúncio causou surpresa no mercado e afetou as moedas de países emergentes, sobretudo o real. Desde 2011, a Argentina restringiu a compra de dólares para impedir a desvalorização do peso e, consequentemente, a explosão dos preços em seu país.
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A empresários, Dilma reconheceu problemas
A secretária-executiva da Comissão Econômica da Organização das Nações Unidas (ONU) para a América Latina, Alicia Ibarra, afirmou ao site de VEJA que desde novembro o peso vem se desvalorizando gradualmente. O movimento, segundo ela, ganhou mais força em dezembro. "Agora, a tendência é que o valor se aproxime mais da realidade. E isso vai ser bom para a Argentina, apesar dos efeitos súbitos verificados nos últimos dias", afirmou.
A grande preocupação em torno da desvalorização reside no montante das reservas internacionais da Argentina, atualmente em 30 bilhões de dólares após a queda de 30% verificada em 2013. Trata-se do menor valor desde 2006. O país precisa desse dinheiro para pagar os juros da dívida. Sem competitividade para exportar (o que traria dólares para o país),a Argentina poderá enfrentar, junto com a desvalorização, a explosão inflacionária. O índice oficial do governo ficou pouco acima de 10% em 2013. Contudo, consultorias independentes apontam para uma cifra acima de 20%. Para 2014, com a desvalorização, o número pode ultrapassar 30%.
Em Davos, a presidente Dilma foi questionada em encontro com o International Media Council sobre os efeitos da desvalorização para o Brasil. Disse apenas que não se tratava de nada "muito significativo". O ministro da Fazenda Guido Mantega, também questionado pela imprensa na saída do evento, afirmou que o fato "não era preocupante" para o Brasil. O real, contudo, sentiu o solavanco. Avançou de 2,34 reais para 2,40 reais em menos de uma semana.
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