Pular para o conteúdo principal

‘Escolho o restaurante que for porque pago minha conta’, diz Dilma

Presidente disse não ver problema em viagem de comitiva para Lisboa e afirmou ser uma 'exigência' dela que todos os ministros que a acompanham paguem suas contas

 
 
A presidente Dilma Rousseff rebateu ontem as críticas à sua agenda secreta em Lisboa, entre sábado e a manhã de domingo, quando realizou uma parada técnica na capital portuguesa durante a qual se hospedou no hotel Ritz e jantou no badalado restaurante Eleven. "Eu escolho o restaurante que for porque eu pago a minha conta", afirmou Dilma, em entrevista coletiva em Cuba. "Não há a menor condição de eu usar o cartão corporativo e misturar o que é consumo privado e público."
Dilma durante a 2ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, em Cuba - Enrique De La Osa/Reuters
Reuters
Dilma durante a 2ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, em Cuba
Questionada se o fato de a agenda ter sido revelada não afeta sua imagem de austeridade, Dilma respondeu que já se acostumou com notícias negativas. "Cheguei a um ponto em que o couro ficou duro", disse ela.
Dilma estava na Suíça participando do Fórum Econômico Mundial desde quinta-feira passada. No sábado, sua agenda dava conta da viagem a Cuba para a 2.ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. O Estado descobriu, porém, que a presidente e uma comitiva pararam em Lisboa sem avisar. A explicação foi que se tratava de uma parada técnica necessária para abastecer o avião.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, ela foi decidida de última hora. O governo português e o chef do restaurante onde Dilma jantou, porém, disseram que tinham sido avisados da visita presidencial já na quinta-feira.
A polêmica levou o PSDB, partido de oposição a Dilma, a entrar nesta terça-feira, 28, com uma representação na Procuradoria-Geral da República para que a passagem pela capital portuguesa seja investigada, assim como os gastos públicos envolvidos no episódio.
Além do Ritz, onde a suíte em que a presidente ficou tem diária de R$ 26 mil no preço de tabela, parte da comitiva se hospedou também no hotel Tivoli.
Dilma afirmou na entrevista que é uma "exigência" dela que todos os ministros que a acompanham na comitiva paguem sua conta. Disse que já houve até um "caso chato", como em um de seus aniversários, quando ela foi a um restaurante em Moscou e uma pessoa da comitiva se assustou com o valor da conta, mas desembolsou o dinheiro.
"No meu aniversário eu também paguei. Tinha gente que estava acostumada que o pagamento seria do governo", disse a presidente, irônica. "É que tem gente que acha esquisito uma presidente dividir a conta. Acho isso extremamente democrático e republicano", completou.
Ela reafirmou a versão já dada por seu chanceler segundo a qual a parada técnica era obrigatória, já que o avião presidencial, conhecido como Aerolula - um Airbus A319 comprado na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva - não tem autonomia para fazer a viagem entre a Suíça e Cuba. Segundo Figueiredo, havia duas possibilidades para uma parada técnica, em Lisboa e em Boston, nos EUA. Por causa do mau tempo nos EUA, optou-se por Lisboa.
Dilma aproveitou para dizer que o avião presidencial brasileiro tem o mesmo problema de autonomia dos aviões presidenciais de México e Argentina. O governo diz que não há plano de comprar uma aeronave com maior autonomia de voo.
Auxiliares do Planalto dizem que a Aeronáutica sempre estuda os lugares onde o avião pode fazer escalas técnicas e considera normais os contatos com embaixadas ou para reservas de hotéis e restaurantes. "Não tem nada ilegal com a viagem", disse a ministra da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas.
Paradas técnicas. Dilma já teve outras paradas técnicas que não constavam de sua agenda. Em março de 2012, a presidente fez uma escala sigilosa em Granada, na Espanha, antes de chegar a Nova Délhi, na Índia, para participar da Cúpula do Brics. A agenda oficial de 25 de março informava que a presidente estava de partida para a Índia, mas a chegada a Nova Délhi só apareceu na agenda do dia 27 de março. Nesse intervalo, Dilma foi a Granada, caminhou ao lado de turistas na rua e visitou o Alhambra, acompanhada do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e do então chanceler Antonio Patriota.
Em 15 de dezembro de 2012 a presidente parou em Marrakech, no Marrocos, no meio de uma viagem entre Moscou e Fortaleza. Estava acompanha da filha, Paula. Visitou Medina e caminhou pela praça central.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular