Crise cambial não afetou emergentes que fizeram a lição de casa, diz Lagarde
Diretora-geral do FMI afirmou que a redução dos estímulos do Fed prejudicou os países cujas políticas internas não foram fortes o suficiente
Christine Lagarde durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos (AFP)
A declaração de Lagarde sucedeu a argumentação do presidente do fundo de private equity Blackrock, Larry Fink, de que muitos países emergentes estariam usando a questão da desaceleração das compras de títulos de bancos por parte do Fed (o chamado quantitative easing) para justificar erros em suas políticas internas. "É muito fácil culpar a redução de estímulos. Mas o que acontece é que muitos desses países têm problemas domésticos que não foram tratados e, por isso, culpam o Fed", afirmou Fink.
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Na mesma discussão, o chefe da Comissão de Planejamento do governo indiano, Montek Singh Ahluwalia, responsável pelas reformas econômicas do país desde a década de 1980 até agora, reconheceu que não é possível atribuir aos efeitos da crise internacional todos os males que atingem os emergentes. Sobre a Índia especificamente, Ahluwalia afirmou que dois terços dos problemas são de origem doméstica. "Ainda precisamos tratar de inúmeras reformas estruturais e torná-las sistêmicas. Há muitas coisas que precisamos fazer, sobretudo no sistema financeiro", afirmou o ministro indiano.
No dia anterior, a presidente Dilma Rousseff discursou em Davos, pela primeira vez, com o objetivo de promover o Brasil para investidores estrangeiros. Diferentemente de Ahluwalia, a presidente atribuiu à crise financeira a desaceleração dos emergentes - do Brasil, especificamente - e elencou seus feitos em 40 minutos de falatório. Foi elogiada pelo fundador do Fórum, Klaus Schwab, que afirmou que o otimismo da presidente o havia feito retomar a confiança nos emergentes. Contudo, mais tarde, em conversa privada com empresários brasileiros e estrangeiros, Dilma teve um discurso mais franco. Reconheceu que o país tem problemas, sobretudo a burocracia, e disse que trabalhará mais para melhorar a eficiência de seu governo.
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