Organização cristã 'alugou' crianças para pedófilos
Comissão da Justiça australiana investiga centenas de casos de abuso sexual de menores e espancamentos ocorridos entre 1966 e 1977
George Pell, arcebispo de Sydney, pediu desculpas por abusos em sua mensagem de Natal aos australianos (AFP)
O inspetor Rick Cunningham relatou o depoimento feito por um homem identificado apenas como F.V., que em 1974 era criança e estava abrigado no lar de Bexley. Ele denunciou à polícia que uma mulher vestida com o uniforme da organização ‘liberou’ uma criança para ser estuprada por um homem. F.V. contou o caso ao superintendente de Bexley, Lawrence Wilson, que ignorou a queixa e o castigou “várias vezes” como represália. Os depoismentos dados por F.V. transformaram-se em acusações contra Wilson por abuso de menores e agressão. A comissão também acusou trabalhadores da organização cristã e internos maiores de idade de abusarem sexualmente de internos mais jovens. Outras pessoas que moravam na casa do Exército da Salvação em Bexley relataram que foram forçados a realizar atos sexuais por funcionários e moradores maiores de idade – incluindo numerosas acusações contra Wilson.
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O conselheiro-assistente da comissão, Simeon Beckett, disse ao site local News.com.au que as evidências de abuso já eram "severas" em casos denunciados antes do atual inquérito. A Justiça australiana recebeu, entre 1966 e 1977, 157 reclamações relativas a abusos sexuais de crianças em casas do Exército de Salvação em Nova Gales do Sul e Queensland, 133 dos quais resultaram em pedidos de desculpas e, em alguns dos casos, em pagamentos de até 100.000 dólares. No entanto, ninguém foi preso.
Beckett disse que as ações de cinco funcionários do Exército de Salvação – Lawrence Wilson, Russell Walker, Victor Bennett, John McIver e Donald Schultz – estavam sob especial atenção, mas outros empregados da entidade cristã meninos também estavam sendo investigados por abuso sexual. Na época, meninos que se queixaram foram castigados brutalmente. Há ainda “vários casos” em que as vítimas foram à polícia, mas posteriormente devolvidas para as casas do Exército de Salvação, onde foram recebidas com espancamentos. Muitas crianças tiveram ossos quebrados em alguns dos piores ataques.
A criação desta comissão foi anunciada em novembro de 2012 depois que a polícia de Nova Gales do Sul acusou a Igreja Católica de encobrir casos de pedofilia, tentar silenciar as investigações e de destruir provas cruciais para evitar processos judiciais. A comissão é composta por seis membros e começou as audiências em abril. Ela deverá emitir um relatório no final de junho, antes de concluir seu trabalho em dezembro de 2014.
(Com agência EFE)
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