Oposição e regime sírios conversam, pela 1ª vez, em Genebra
Negociações diplomáticas que tentam pôr fim à guerra civil no país entram em fase "exclusivamente política', diz Lakhdar Brahimi, mediador da ONU
Enviado da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi concede entrevista em Genebra, na Suíça /Reuters)
Na primeira vez que as duas partes se encontraram, neste sábado, todo o diálogo foi feito através do mediador das Nações Unidas, sem as delegações interagirem diretamente. Brahimi adiantou neste domingo que as negociações entram a partir desta segunda-feira "em fase exclusivamente poítica", após os dois primeiros dias dedicados a questões humanitárias, em particular à aprovação de um corredor humanitário para retirar civis da cidade de Homs e à libertação de prisioneiros.
O objetivo das reuniões que começaram nesta segunda-feira é tentar ao menos esboçar um eventual governo de transição. O principal ponto de discórdia ainda é o futuro do ditador Bashar Assad – enquanto a oposição e as potências ocidentais cobram sua saída, seus defensores querem que ela faça parte do governo de transição. Há meses esta é a "linha vermelha" das negociações entre as duas delegações.
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"Vamos começar a falar da transição da ditadura à democracia", declarou Luai Safi, membro da delegação da oposição, horas antes do terceiro dia de negociações. "O regime, claramente, não se mostra entusiasmado", acrescentou Safi. "Vamos ver se o regime está de acordo com uma solução política ou se prefere uma solução militar", completou. Depois da ameaça de abandono da conferência na sexta-feira, as delegações negociaram em clima, segundo o mediador da ONU Lakhdar Brahimi, de respeito mútuo.
Os negociadores dos dois campos inimigos realizaram sessões de trabalho pela manhã deste domingo, juntos na mesma sala, mas não se falaram diretamente, conversando sempre por intermédio de Brahimi. Durante a tarde, as negociações transcorreram em salas separadas e o mediador da ONU se dividia entre os grupos.
Corredor humanitário – Brahimi obteve do regime a promessa de deixar que mulheres e crianças, sitiados há meses no centro de Homs, abandonem a cidade. Mas o anúncio foi recebido com ceticismo entre os rebeldes de Homs, onde a oposição exige garantias de que os civis não serão detidos ao deixarem a cidade. A ONU também espera que os comboios de ajuda humanitária possam entrar nos bairros rebeldes de Homs. Considerada frequentemente como o foco da revolução dos protestos, Homs pagou caro por sua oposição a Assad. Os bairros rebeldes são atacados desde junho de 2012 pelo exército e milhares de sírios vivem ali em condições precárias, sem alimentos ou remédios. (Continue lendo o texto)
Os negociadores examinaram também o problema dos prisioneiros e desaparecidos. Os negociadores da oposição afirmam que possuem uma lista de 47.000 pessoas detidas arbitrariamente nas prisões do regime. Eles cobram a liberdade imediata dessas pessoas. "A prioridade é soltar as mulheres, as crianças e os idosos", declarou Monzer Aqbiq, porta-voz da delegação opositora.
(Com agências EFE e France-Presse)
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