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Presidente iraniano diz que acordo nuclear é 'questão de meses'

Hassan Rohani demonstra disposição para apressar um acordo sobre programa sem indicar que fará concessões à comunidade internacional

O presidente iraniano Hassan Rohani durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York
O presidente iraniano Hassan Rohani durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York (/Reuters)
O presidente do Irã, Hassan Rohani, pretende fechar um acordo com as potências mundiais sobre o programa nuclear do país em um período de três a seis meses. A afirmação foi feita em entrevista ao jornal The Washington Post. “Quanto mais rápido for, mais benéfico será para todos. Se for em três meses, que seria a escolha do Irã, ou se for em seis meses, o que ainda seria bom, isso é uma questão de meses, não de anos”.
Na terça-feira, a antecipada expectativa por um encontro entre Rohani e Barack Obama não se confirmou e o presidente iraniano sugeriu que tal encontro teria sido prematuro. “Eu acho que não tivemos tempo suficiente para fazer isso acontecer”, disse a um grupo de editores e colunistas em Nova York, nesta quarta, segundo o jornal The New York Times. “Se nós não dermos os primeiros passos com cuidado, não poderemos alcançar os objetivos mútuos que temos em mente”.
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A Casa Branca minimizou o encontro que não ocorreu, dizendo que o presidente americano continua aberto a um encontro “informal” com o iraniano, mas acredita que “os temas mais importantes a respeito da relação do Irã com o restante da comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, precisam ser resolvidos por meio de negociações substanciais sobre o programa nuclear”, destacou o porta-voz Jay Carney. "Acho que não devemos superdimensionar o fato de os iranianos terem decidido não realizar o encontro".
“Um aperto de mãos com Obama teria rendido muitos pontos a Rohani com o público iraniano, mas teria causado a histeria dos linha-dura”, disse Karim Sadjadpour, especialista em Irã da organização Carnegie Endowment for International Peace, analisando o recuo calculado do presidente iraniano.
Programa nuclear – A pressa demonstrada por Rohani em relação ao fechamento de um acordo sobre o programa nuclear deve se limitar ao discurso. O Irã tem negociado com o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) desde 2006. Nesta quinta, haverá uma nova rodada de conversas e o ministro de Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif – designado como responsável pelas negociações nucleares – deverá se encontrar em Nova York com o secretário de Estado americano, John Kerry, e com diplomatas da Grã-Bretanha, França, Rússia, China e Alemanha. Nesta quarta, depois de se reunir com o chanceler francês Laurent Fabius, Zarif disse que o Irã tem “a disposição política para negociações sérias e espera que o outro lado também tenha esta disposição”.
Disposição, contudo, pode não ser o suficiente. Como Rohani deixou claro em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, nesta terça, o país insiste em manter o enriquecimento de urânio que, contra todas as evidências, afirma ter fins pacíficos. O impasse deve continuar.
Holocausto – A rede americana NBC News reafirmou nesta quarta-feira as declarações do presidente iraniano sobre o Holocausto. Segundo a emissora, em conversa com um pequeno grupo de jornalistas americanos, Rohani disse que os nazistas cometeram “um massacre” contra os judeus.“Os nazistas realizaram um massacre que não pode ser negado, especialmente contra o povo judeu”, disse o presidente iraniano, de acordo com a NBC. A afirmação é feita depois que a CNN divulgou uma entrevista de Rohani, na noite de terça, em que ele classificou o Holocausto de “crime repreensível”.
A NBC News lembrou que na última semana, durante entrevista concedida em Teerã, Rohani esquivou-se ao ser questionado sobre as constantes negativas de seu antecessor Mahmoud Ahmadinejad sobre a existência do Holocausto. Disse apenas que era um político e não um historiador. A postura mudou em Nova York, para onde o presidente iraniano viajou para participar da Assembleia Geral das Nações Unidas. “O massacre cometido pelos nazistas foi condenável. Eles cometeram um crime contra os judeus – que é um crime contra cristãos, contra muçulmanos, contra toda a humanidade”, disse.
Declarações ‘fabricadas’ – Porém, a agência de notícias Fars – que se declara independente, mas é tida como semi-oficial e teria ligação com a Guarda Revolucionária Islâmica – divulgou um texto acusando a CNN de ter ‘fabricado’ declarações do presidente. A agência afirma que Rohani não usou a palavra “repreensível” e disse que os historiadores deveriam julgar “eventos históricos”, sem usar o termo “Holocausto”. A CNN manteve a  transcrição divulgada, ressaltando que ela foi baseada na tradução feita por um especialista providenciado pela equipe de Rohani.
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Na transcrição que a Fars afirma ser “exata”, o presidente iraniano diz: “Eu não sou um historiador e historiadores devem especificar e explicar os aspectos de eventos históricos, mas em geral nós condenamos totalmente qualquer tipo de crime cometido contra a humanidade ao longo da história, incluindo o crime cometido pelos nazistas tanto contra os judeus como não judeus, da mesma forma que se hoje algum crime é cometido contra qualquer nação ou qualquer religião ou qualquer pessoa ou qualquer crença, nós condenamos este crime e genocídio”.
Em comunicado divulgado na última semana pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o governo israelense declarou que “não é preciso um historiador para reconhecer a existência do Holocausto – basta ser um ser humano”.
(Com agência Reuters)

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