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Crise síria deve abafar queixa de Dilma sobre EUA na ONU

Armas químicas vão dominar a pauta da Assembleia Geral e devem ofuscar as reclamações sobre espionagem que a presidente fará no discurso de abertura

Presidente Dilma Roussef discursa na abertura da 67ª Assembleia Geral da ONU em Nova York
Dilma Roussef discursa na Assembleia Geral da ONU, em 2012 (Reuters)
Como manda a tradição da Assembleia Geral das Nações Unidas, o evento será aberto na manhã desta terça-feira, em Nova York, com o discurso do representante brasileiro. Em sua terceira participação no encontro, Dilma Rousseff usará a primazia para atacar a política de espionagem dos Estados Unidos. No discurso, previsto para as 10h30 de Brasília, a presidente defenderá a liberdade na internet e pedirá limites para a coleta de dados na rede. Na semana passada, a governante cancelou uma viagem marcada para os EUA depois que uma reportagem veiculada pela TV Globo mostrou que Dilma foi alvo de bisbilhotagem da Agência de Segurança Nacional americana (NSA).

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Síria - A fala da presidente, no entanto, não deve encontrar eco entre os outros líderes mundiais – com a exceção de alguns colegas sul-americanos. Temas como o conflito na Síria, que já deixou mais de 100 000 mortos, e a questão nuclear iraniana, que voltou à pauta com a eleição do moderado Hassan Rohani, devem dominar os debates e relegar a espionagem internacional a um terceiro – ou quarto – plano. Barack Obama, por exemplo, que sobe ao palanque logo depois de Dilma, deve ignorar as acusações da governante e concentrar o seu discurso na crise síria e nos esforços internacionais para vetar o uso de qualquer tipo de arma química em conflitos. Um acordo firmado há dez dias entre EUA e Rússia, que prevê a destruição do arsenal químico de Bashar Assad, descartou a possibilidade de uma intervenção militar americana na guerra. O conflito também deverá pautar o discurso de outros convidados, como França e Grã-Bretanha, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.

Irã - Novato no encontro, o presidente do Irã, Hassan Rohani, fará uma das participações mais aguardadas desta terça-feira. Visto como um político moderado pelo Ocidente, Rohani, eleito em agosto, vem sinalizando uma aproximação com os EUA e dando a entender que está disposto a negociar com o grupo dos 5+1 (Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) o controverso programa nuclear iraniano – fonte de muitas dores de cabeça para a comunidade internacional durante o governo do bravateiro Mahmoud Ahmadinejad. Recentemente, o presidente defendeu as boas intenções de seu país e prometeu que o Irã "nunca vai construir uma bomba atômica". Há até a expectativa de um (histórico) aperto de mão entre Rohani e Obama.

Os mais pessimistas, porém, alertam que a aparente boa vontade do político iraniano pode esconder objetivos escusos. Afinal, quando ocupou o cargo de negociador-chefe nuclear na década passada, o agora presidente se especializou em enrolar os diplomatas ocidentais enquanto as centrífugas para enriquecer urânio do país se multiplicavam. O desempenho de Rohani na Assembleia Geral será um excelente teste para mostrar se o político traz mesmo uma nova – e moderada – postura diplomática do país dos aiatolás ou se ele está apenas ganhando tempo para que o Irã atinja a sua pretensão nuclear.

O terrorismo islâmico na África será outro tema que deve pautar alguns discursos, impulsionado pelo sangrento ataque contra um shopping em Nairóbi, no Quênia, no último fim de semana

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