Crise síria deve abafar queixa de Dilma sobre EUA na ONU
Armas químicas vão dominar a pauta da Assembleia Geral e devem ofuscar as reclamações sobre espionagem que a presidente fará no discurso de abertura
Dilma Roussef discursa na Assembleia Geral da ONU, em 2012 (Reuters)
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Síria - A fala da presidente, no entanto, não deve encontrar eco entre os outros líderes mundiais – com a exceção de alguns colegas sul-americanos. Temas como o conflito na Síria, que já deixou mais de 100 000 mortos, e a questão nuclear iraniana, que voltou à pauta com a eleição do moderado Hassan Rohani, devem dominar os debates e relegar a espionagem internacional a um terceiro – ou quarto – plano. Barack Obama, por exemplo, que sobe ao palanque logo depois de Dilma, deve ignorar as acusações da governante e concentrar o seu discurso na crise síria e nos esforços internacionais para vetar o uso de qualquer tipo de arma química em conflitos. Um acordo firmado há dez dias entre EUA e Rússia, que prevê a destruição do arsenal químico de Bashar Assad, descartou a possibilidade de uma intervenção militar americana na guerra. O conflito também deverá pautar o discurso de outros convidados, como França e Grã-Bretanha, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
Irã - Novato no encontro, o presidente do Irã, Hassan Rohani, fará uma das participações mais aguardadas desta terça-feira. Visto como um político moderado pelo Ocidente, Rohani, eleito em agosto, vem sinalizando uma aproximação com os EUA e dando a entender que está disposto a negociar com o grupo dos 5+1 (Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) o controverso programa nuclear iraniano – fonte de muitas dores de cabeça para a comunidade internacional durante o governo do bravateiro Mahmoud Ahmadinejad. Recentemente, o presidente defendeu as boas intenções de seu país e prometeu que o Irã "nunca vai construir uma bomba atômica". Há até a expectativa de um (histórico) aperto de mão entre Rohani e Obama.
Os mais pessimistas, porém, alertam que a aparente boa vontade do político iraniano pode esconder objetivos escusos. Afinal, quando ocupou o cargo de negociador-chefe nuclear na década passada, o agora presidente se especializou em enrolar os diplomatas ocidentais enquanto as centrífugas para enriquecer urânio do país se multiplicavam. O desempenho de Rohani na Assembleia Geral será um excelente teste para mostrar se o político traz mesmo uma nova – e moderada – postura diplomática do país dos aiatolás ou se ele está apenas ganhando tempo para que o Irã atinja a sua pretensão nuclear.
O terrorismo islâmico na África será outro tema que deve pautar alguns discursos, impulsionado pelo sangrento ataque contra um shopping em Nairóbi, no Quênia, no último fim de semana
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