Após reunião com Irã, EUA dizem que ainda 'há muito a ser feito'
Diplomatas reuniram-se em Nova York para retomar negociações sobre programa de enriquecimento de urânio que regime iraniano insiste em manter
O secretário de Estado americano, John Kerry (esq), ao lado do chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif (dir) em encontro em Nova York (Reuters)
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As declarações depois do encontro foram positivas, mas cautelosas. “Nós tivemos um encontro muito construtivo”, disse Kerry a jornalistas, acrescentando que o Irã colocou algumas “possibilidades” sobre a mesa, sem dar detalhes. “Não é preciso dizer que um encontro e uma mudança de tom ainda não respondem às questões e há muito trabalho a ser feito”.
Zarif insistiu na retirada das sanções impostas ao Irã pela recusa em suspender o enriquecimento de urânio. “Estou satisfeito com este primeiro passo. Agora temos de ver se podemos associar nossas palavras positivas a ações sérias para podermos seguir adiante”, ressaltou. “É claro que ao avançarmos, as sanções devem ser removidas”, completou, defendendo ainda o “direito do povo iraniano à tecnologia nuclear para fins pacíficos”.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, afirmou que o encontro ocorreu em uma “boa atmosfera” e que os dois lados concordaram com um “calendário ambicioso” para as negociações. Um novo encontro está previsto para meados de outubro em Genebra, na Suíça. Nesta quarta, o Irã chegou a dizer que um acordo sobre a questão seria fechado em até seis meses.
Além da reunião com o grupo 5+1, Kerry e Zarif também tiveram uma pequena conversa bilateral, o encontro de mais alto nível entre os dois países desde a revolução islâmica de 1979, que congelou as relações diplomáticas EUA-Irã.
As negociações do grupo sobre o programa nuclear iraniano foram iniciadas em 2006, sem apresentar avanços. A mudança de tom citada por Kerry ocorreu depois da eleição de Hassan Rohani para a Presidência, em junho deste ano. O novo presidente tem feito um discurso de aproximação com o Ocidente sem, no entanto, fazer concessões. Em discurso na Assembleia Geral da ONU, na terça-feira, ele deixou claro que o país não tem pretensões de abandonar o processo de enriquecimento. “O conhecimento nuclear no Irã já foi domesticado e a tecnologia nuclear, incluindo o enriquecimento, já atingiu escala industrial. É uma ilusão, portanto, presumir que a natureza pacífica do programa nuclear do Irã pode ser garantida através do impedimento por meio de pressões ilegítimas”, disse.
(Com agência Reuters)
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