OGX pode ser primeira empresa da Bolsa a quebrar
Mercado espera com apreensão qual será a solução adotada pela petroleira de Eike Batista para honrar o pagamento de uma dívida de US$ 45 milhões na próxima semana; eventual pedido de falência teria forte impacto no Ibovespa
Após grande entusiasmo da entrada da OGX na Bolsa, a petroleira de Eike tem papel negociado a menos de 40 centavos atualmente
"Podemos ter uma situação histórica na Bolsa na semana que vem", diz um operador de uma corretora paulista, referindo-se ao risco de calote da OGX, que pode se tornar a primeira empresa listada no Ibovespa a entrar em recuperação judicial. Tal possibilidade está sendo levantada diante da insatisfação de grandes credores externos com as opções que vêm sendo apresentadas por Eike Batista para pagamento da dívida de 3,6 bilhões de dólares que a OGX tem com pesos pesados da indústria financeira.
No último dia 12, o diretor-presidente da OGX, Luiz Eduardo Carneiro, alertou para o fato de que o processo de reestruturação da dívida pode incluir tanto uma recuperação judicial quanto um pedido de aporte de mais recursos pelos detentores de títulos emitidos no exterior. "A recuperação judicial é uma possibilidade. Não estou dizendo que vamos entrar. Mas aquilo que for possível e impossível fazer para que a gente chegue lá e consiga fazer a reestruturação financeira, nós vamos fazer."
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Paralisação nas atividades — Procurada na quinta-feira para comentar o tema, a OGX não respondeu às solicitações da reportagem. A BM&FBovespa, por sua vez, informou que os negócios com os ativos podem ser suspensos caso a empresa apresente pedido de recuperação judicial ou extrajudicial. Essa suspensão, segundo a Bolsa, pode durar até trinta dias, com possibilidade de prorrogação.
A Bolsa pode encontrar algum artifício a fim de evitar um desastre, acrescenta outro operador, prevendo uma corrida de zeragem de posições e uma elevada pressão vendedora no papel, que pode se espalhar rapidamente por outras ações.
Segundo cálculos de uma fonte com conhecimento no assunto, considerada uma participação da ação ordinária da OGX (que dá direito a voto) ao redor de 5% na composição do Ibovespa, uma queda do papel para a casa de 0,20 real representaria uma baixa de cerca de 2% do índice à vista. Um tombo ainda maior, rumo aos 0,10 real, por exemplo, significaria uma desvalorização superior a 3,5% do Ibovespa. No pregão de quinta, a ação fechou cotada a 0,37 real.
Opções — Temendo uma queda livre, que poderia retirar ao menos dois mil pontos do Ibovespa, o chefe da mesa de renda variável de uma corretora paulista acredita que haverá alguma saída estratégica para essa questão. "Não acho que vão deixar a empresa quebrar, pois isso arranha a imagem do Brasil, em um momento que estamos tentando atrair investidores", pondera.
Os profissionais consultados, que falaram sob a condição de não serem identificados, lembram que a suspensão dos negócios pode não ser imediata, uma vez que a situação especial da empresa ainda teria de ser avaliada. "Pelo que entendo, dada a norma da Bolsa para casos de recuperação judicial, haveria um pregão de ajuste após o anúncio e depois disso as ações ficariam suspensas e seriam retiradas do índice", avalia um profissional.
Ele acrescenta que as ações potencialmente cairiam tanto nesse último pregão que o ajuste no índice seria muito mais pela queda no preço do que por sua saída do índice. Outro agente do mercado avalia que, caso a notícia seja veiculada no meio do pregão, é provável que a bolsa suspenda as negociações para evitar maiores distorções.
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O Manual de Definições e Procedimentos dos Índices da BM&FBovespa afirma que, se um ativo do índice passar a ser negociado em situação especial, como a recuperação judicial, ele será retirado do índice ao fim do primeiro dia de negociação nesta condição.
Mudanças — Os efeitos da OGX no Ibovespa têm sido alvo de críticas no mercado há alguns meses. O problema deverá ser resolvido com a nova metodologia para formação do índice. No início do mês, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, afirmou que a mudança foi iniciada há cerca de um ano e destacou que o fator Eike não influenciou nas regras. A nova norma prevê que ações que valham menos de 1 real não podem compor o índice.
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