EUA prometem investigar envolvimento de americanos em ataque no Quênia
Washington reforçou que ainda não tem provas da participação de cidadãos dos EUA no atentado. O FBI, contudo, abriu investigação para apurar ligação dos jihadistas com comunidades somalis no país
O presidente americano Barack Obama fala sobre o atentado contra o shopping Westgate, no Quênia (/Reuters)
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Obama preferiu não comentar o possível envolvimento de cidadãos americanos com o grupo jihadista Al Shabab, milícia filiada à Al Qaeda que assumiu a autoria do atentado. O FBI, no entanto, lançou uma investigação para apurar a ligação de terroristas com comunidades somalis localizadas nos estados de Minnesota e Maine. As suspeitas foram levantadas após fontes da milícia dizerem à emissora CNN que três integrantes que participaram da invasão ao shopping viveram nos Estados Unidos. Registros antigos também apontam que organização já tinha recrutado cidadãos americanos de Minneapolis, onde moram 32 000 dos 100 000 somalis que fugiram da guerra civil no país africano.
Washington, por enquanto, segue afirmando que não possui nenhuma prova concreta de que americanos perpetraram o ataque. “Não temos indícios que possam definir a nacionalidade ou identidade dos terroristas”, disse um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA ao The Guardian. As autoridades quenianas, contudo, alegam que os extremistas do Al Shabab possuem diferentes nacionalidades. “Temos uma ideia de quem são essas pessoas e eles são claramente um grupo multinacional de toda a parte do mundo”, afirmou o chefe de defesa do Quênia, general Julius Karangi. Pelo menos dez suspeitos de envolvimento no atentado foram presos na segunda-feira, mas detalhes não foram divulgados pelas autoridades.
Histórico – O estreitamento de laços entre os extremistas do Al Shabab e cidadãos americanos não é novidade. É possível identificar na lista dos terroristas mais procurados do FBI ao menos dois homens que abandonaram os Estados Unidos para integrar a luta armada do grupo terrorista contra o governo somali. Recentemente, testemunhas disseram que um dos americanos listados, Omar Shafik Hammami, foi morto por militantes do Al Shabab em um vilarejo localizado ao sul de Mogadíscio, capital da Somália. Hammami, de 29 anos, teria sido perseguido após deserdar do grupo. O FBI não confirma a morte do terrorista.
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A Casa Branca também chegou a manifestar preocupação com a influência do Al Shabab em algumas comunidades americanas anteriormente. “Nós monitoramos cuidadosamente e ficamos preocupados algumas vezes com os esforços do Al Shabab para recrutar americanos ou pessoas que moram nos Estados Unidos para ir à Somália”, disse Ben Rhodes, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca. “Esta é uma questão que foi acompanhada de perto pelo governo americano e será investigada nos próximos dias”, acrescentou.
O jornal The Guardian também apontou que um líder de uma comunidade somali de Minneapolis chegou a alertar o comitê de segurança, em 2011, após presenciar diversos jovens de origem somali aderirem aos ideais jihadistas do Al Shabab. “Estes jovens estavam se comportando de forma muito estranha nos últimos três, quatro meses, antes de desaparecerem. Eles passavam muito tempo dentro de mesquitas e, às vezes, chegavam a dormir durante todo o fim de semana lá dentro”, afirmou Abdirizak Bihi, cujo sobrinho foi recrutado pelos terroristas e morreu durante uma batalha na Somália.
Condolências – Enquanto passava pelos jornalistas, Obama manteve o tom diplomático de seu discurso e apenas prometeu seguir lutando “para assegurar que essas redes de destruição serão desmanteladas”. O presidente, cujo pai tem nacionalidade queniana, também prestou condolências ao seu homólogo Uhuru Kenyatta e a todos que perderam familiares durante o atentado. “Ao povo queniano, eu digo que nós estamos com vocês”, completou.
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