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Ataque a shopping acende alerta para recrutamento no Ocidente

Grupo terrorista somali Al Shabab matou 62 pessoas em Nairóbi, no Quênia, com a ajuda de cidadãos americanos, canadenses, finlandeses e britânicos

Policias procuram homens que atiraram contra dezenas de pessoas em um shopping em Nairobi, no Quênia. Dezenas de pessoas morreram e ficaram feridas
Policias procuram homens que atiraram contra dezenas de pessoas em um shopping em Nairobi, no Quênia. Dezenas de pessoas morreram e ficaram feridas (Reuters)
O atentado que matou 62 pessoas no shopping de luxo Westgate, em Nairóbi, no Quênia, lançou aos governos ocidentais um novo desafio na incansável luta contra o terrorismo. Após assumir a autoria do ataque, o grupo somali Al Shabab tratou de divulgar em sua página no Twitter os nomes de nove guerrilheiros envolvidos nos assassinatos. A surpresa para as autoridades foi a presença de três cidadãos americanos, um canadense, um finlandês e um britânico entre os terroristas. Com a crescente ameaça jihadista tomando conta do norte da África e do Oriente Médio, resta entender o fascínio que estas organizações exercem sobre jovens que se convertem ao Islã em regiões alheias a conflitos extremistas.
Leia também: Quinze anos depois, terrorismo em Nairóbi volta a mirar estrangeiros
O recrutamento de americanos para lutar ao lado do Al Shabab na guerra civil somali não é nenhuma novidade para o FBI. Em 2008, a polícia federal americana alertou que dezenas de jovens, alguns deles cidadãos nascidos nos Estados Unidos, haviam deixado Minneapolis, onde moram 32 000 dos 100 000 somalis que fugiram do conflito no país africano. De acordo com a rede CNN, ao menos três destes jovens são suspeitos de realizar ataques suicidas na Somália.

O analista de terrorismo Peter Bergen disse à CNN que as mensagens postadas na página do Al Shabab no Twitter possuem um inglês coloquial que remete a pessoas que cresceram no Reino Unido. “Não é tão surpreendente, uma vez que nós sabemos que o Al Shabab recrutou nos Estados Unidos e em muitos países da Europa”, afirmou. Washington ainda investiga se os nomes divulgados na rede social são verdadeiros, mas admite preocupação com as denúncias de que jihadistas estão conquistando o apoio de cada vez mais cidadãos americanos. “Esta é uma questão que foi acompanhada de perto pelo governo americano e será investigada nos próximos dias” disse Ben Rhodes, conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, ao The Guardian.
Mais Procurados - As investigações a que Rhodes se refere estão em pauta no FBI. A lista dos terroristas mais procurados pelos Estados Unidos contempla dois homens que abandonaram o país para lutar ao lado de militantes do Al Shabab: Jehad Serwan Mostafa e Omar Shafik Hammami. Mostafa, natural do estado de Wisconsin, é procurado por se filiar e financiar as atividades da organização terrorista. Ele é formado em economia por uma universidade da Califórnia e, segundo o FBI, pode estar na Somália, Iêmen, Etiópia, Quênia ou em outros países do continente africano.
Leia mais: Entenda como funcionam as listas de procurados do FBI
O caso de Hammami, de 29 anos, é mais curioso. O americano cresceu na cidade de Daphne, no estado do Alabama, onde amigos disseram que ele era popular na escola (chegou a ser eleito presidente do conselho de classe), esperto e carismático. Hammami funcionava como uma peça de propaganda para o grupo e angariou seguidores ao levar o extremismo pregado pelo grupo somali para o mundo musical. Adepto da internet, o terrorista postou no Youtube diversas canções que gravou em forma de rap. O guerrilheiro também mantinha uma conta no Twitter, mas a empresa cancelava a sua assinatura com frequência, por considerar o conteúdo publicado na rede social inadequado.
No entanto, as decisões do carismático americano acabaram arruinando seu prestígio dentro do Al Shabab. Após um experiente terrorista abandonar o grupo, Hammami mostrou lealdade ao guerrilheiro e também deserdou da organização. O terrorista passou a ser perseguido por seus antigos colegas e, segundo testemunhas, foi assassinado em uma emboscada no vilarejo de al Baate, localizado ao sul de Mogadíscio, capital da Somália. Embora o FBI não tenha confirmado a informação, radicais ligados à organização criminosa afirmaram que Hammami foi morto junto de outros dois jihadistas. Osama al-Britani, um cidadão britânico de origem paquistanesa, seria um dos outros mortos.
Saiba mais: A dimensão do perigo jihadista na África
Outros Casos - Em 2010, catorze pessoas foram acusadas por um júri federal americano de financiar as operações do Al Shabab. Dois homens de Rochester, Minnesota, foram condenados a dez e vinte anos de prisão por angariar fundos para o grupo. Os criminosos chegaram a levantar oito mil dólares dizendo aos doadores que encaminhariam a verba para os pobres. No ano seguinte, um líder de uma comunidade somali de Minneapolis alertou o comitê de segurança nacional depois de notar que diversos jovens de origem somali estavam aderindo aos ideais jihadistas do Al Shabab. “Esses jovens estavam se comportando de forma muito estranha nos últimos três, quatro meses, antes de desaparecerem. Eles passavam muito tempo dentro de mesquitas e, às vezes, chegavam a dormir durante todo o fim de semana lá dentro”, afirmou Abdirizak Bihi, cujo sobrinho foi recrutado pelos terroristas e morreu durante uma batalha na Somália.
O FBI, agora, concentra as investigações em comunidades somalis nos estados de Minnesota e Maine. O governo queniano informou que três terroristas morreram e outros dez suspeitos de envolvimento no atentado em Nairóbi foram presos durante a retomada do shopping. Embora não tenham fornecido maiores detalhes sobre o caso, as autoridades quenianas asseguram que os extremistas ligados ao Al Shabab possuem diferentes nacionalidades. “Temos uma ideia de quem são essas pessoas e eles são claramente um grupo multinacional de toda a parte do mundo”, afirmou o chefe de defesa do Quênia, general Julius Karangi.

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