Chefe da quadrilha de Rose quer delação premiada
Temendo condenação, Paulo Vieira analisa contar o que sabe - e promete envolver "gente graúda" no esquema desarticulado pela PF, segundo jornal
Paulo Rodrigues Vieira,
diretor de Hidrologia da Agência Nacional de Águas
O ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA)
Paulo Rodrigues Vieira, defenestrado do cargo na esteira do escândalo provocado
pela Operação
Porto Seguro, da Polícia Federal, decidiu contar o que sabe às
autoridades – e promete envolver “gente graúda” no caso. É o que informa
reportagem do jornal O Estado de S. Paulo publicada nesta sexta-feira.
Vieira é apontado pela PF como chefe do esquema que vendia pareceres de órgãos
públicos para beneficiar empresas. Segundo o jornal, Vieira quer mostrar às
autoridades que não cabia a ele chefiar a quadrilha – e informar quem, de acordo
com ele, liderava o esquema corrupto.
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A quadrilha infiltrada em órgãos federais tinha
como braço
político a ex-chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary
Nóvoa de Noronha, a Rose, amiga íntima do ex-presidente
Lula. Segundo a PF, Rose, como é conhecida, "fazia aquilo que Paulo
Vieira pedia". A PF sustenta que Vieira era o líder da organização que teria se
infiltrado nas repartições federais, inclusive três agências reguladoras, para
atender interesses empresariais, como do ex-senador Gilberto Miranda, que também
foi indiciado no inquérito da Porto Seguro. Um irmão de Paulo, Rubens
Vieira, chegou a cargo estratégico – diretor de Infraestrutura
Aeroportuária da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) – também pelas mãos de
Rose, conclui a PF.
No despacho de indiciamento de Rose, a PF assinala
vantagens
que ela recebeu no exercício da função, como passagens para cruzeiros marítimos,
obtenção de nomeações
de familiares – inclusive a filha, Mirelle – em cargos públicos sem
concurso. A PF diz ainda que Rose agia "como particular, e valendo-se de sua
amizade e acesso com pessoas em diversos órgãos públicos, para atuar e influir
em nomeações e indicações."
A interlocutores, segundo o jornal, Vieira tem dito que, ao empurrar o comando da quadrilha para outras pessoas, pretende obter um tratamento menos severo do Ministério Público – e, eventualmente, a redução de sua pena caso seja condenado. Ou seja, pretende obter um acordo de delação premiada. O ex-diretor da ANA já mudou até de advogado em busca de uma defesa mais agressiva. “Há muita coisa a ser levantada e eu pedi a meu cliente para ter paciência”, afirmou seu novo advogado, Michel Darre.
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