Sem chuva, água de usinas só daria para um mês de consumo de energia
É o que mostram dados compilados pelo Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético, com base em números do ONS
"Não vimos essa situação nem em 2001 (ano do racionamento)", afirmou o presidente do Ilumina, Roberto Pereira DAraújo (Nacho Doce/Reuters)
Na terça-feira, os reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste estavam com 17,63% de armazenamento (no ano passado, nessa mesma época, o nível dos lagos da região estava em quase 40%); do Nordeste, 17,32%; do Norte, 35,26%; e do Sul, 67,84%. Como o sistema nacional tem outras fontes de energia, como eólicas e térmicas, e a expectativa é que chova, mesmo que pouco, o sistema consegue suportar o consumo durante mais tempo. "Mas esse é um dado que mostra como o Brasil, que depende quase 70% da hidreletricidade, está descuidando da fonte de energia", afirma D'Araújo.
Na avaliação dele, a situação atual é resultado de uma expansão da oferta baseada em térmicas caras, que só entram em operação em casos extremos. Apesar de a capacidade instalada do país aumentar, as hidrelétricas são sobrecarregadas, pois têm de gerar pelas térmicas que não entram em operação, afirma o executivo. Pelas regras do ONS, as usinas obedecem a uma fila para entrar em operação. Primeiro entram as unidades mais baratas. Se o valor da térmica superar o valor do mercado à vista (PLD), que ficou boa parte do ano passado em 822 reais o MWh, a diferença entre o preço da energia e o PLD é transferido para a tarifa do consumidor.
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Cuidado - Como um dos lemas do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) sempre foi a redução dos preços da energia, as térmicas ficaram em stand by enquanto a água dos reservatórios foi consumida. "Não houve cuidado para preservar o nível de armazenamento. A única preocupação foi a modicidade tarifária." Para Cristopher Vlavianos, da comercializadora Comerc, a saída para o Brasil será apostar nas térmicaS na base - isso significa operar initerruptamente. "Caso contrário, vamos depender cada vez mais das chuvas", disse.
(Com Estadão Conteúdo)
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