A sina argentina
Cristina, a frenética, fora ágil para desenrolar a versão do suicídio horas depois da morte de Nisman. A nova versão oficialesca não altera o empenho para assassinar a reputação do promotor. Agora, o essencial é uma investigação transparente e isenta, o que é uma perspectiva turva no Rio da Prata. De acordo com uma recente pesquisa da firma Latinobarómetro, apenas 1/3 dos argentinos têm confiança na polícia e no sistema judicial. O cinismo aumenta ainda mais quando estão envolvidos poderes políticos e econômicos.
O governo Kirchner faz o que pode para aparelhar o sistema judicial, selecionando gente de fidelidade canina para cargos de juízes e promotores. Um dos lances para manchar a reputação póstuma de Alberto Nisman é apregoar que dois oficiais do serviço de inteligência demitidos em dezembro plantaram informações nas investigações do promotor, que há dez anos empreendia um trabalho infatigável, ironicamente por escolha do falecido ex-presidente Néstor Kirchner, marido de Cristina.
Caso a verdade sobre a morte de Nisman e as investigações sobre o papel iraniano no terror em Buenos Aires irrompa, será um teste crucial para as já frágeis instituições argentinas. S ão dia de intensa, passional e indignada mobilização popular, a temporada eleitoral esquenta e o governo Kirchner é capaz das piores tramóias mafiosas para acobertar a verdade. São dias de incredulidade e de ansiedade sobre o futuro da Argentina.
O escândalo Nisman é mais um golpe devastador na credibilidade interna e externa do governo Kirchner (exceto na conexão Teerã-Caracas). Como diz um texto do jornal espanhol El País, o caso AMIA é um estigma para a Argentina. São 20 anos sem respostas oficiais e sem responsabilidades, apenas subterfúrgios, acordos venais com o estado terrorista do Irã e acobertamentos.
Sobre alguns países, fala-se que tiveram décadas perdidas. Sobre a Argentina é uma história perdida. Que se ganhe alguma coisa desta tragédia, desta farsa, deste escândalo. Yo Soy Nisman!
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