Cuba e EUA concluem primeiras conversas com diferenças sobre os direitos humanos
Segundo comunicado dos americanos, eles pressionaram o governo cubano para melhorar a liberdade de expressão e o direito à livre reunião de pessoas
Barack Obama e Raul Castro durante pronunciamento simultâneo sobre a retomada das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba após mais de cinco décadas de rompimento - 17/12/2014 (Reuters)
A chefe da delegação cubana, Josefina Vidal, relatou que o termo “pressionar” não foi utilizado nas reuniões e que a discussão sobre direitos humanos foi “uma troca na qual cada parte confirmou suas posições e concepções” sobre os temas. “Cuba ratificou sua proposta de sustentar um diálogo específico em uma data a ser determinada para tratar, em nível de especialistas, nossos visões sobre este assunto”, afirmou Josefina em pronunciamento à imprensa ao término da última reunião do dia. Acrescentou que Cuba reiterou a proposta que fez aos EUA há um ano, para sustentar um diálogo sobre direitos humanos e democracia “respeitoso e sobre bases de reciprocidade” porque, disse, a ilha tem “experiências interessantes” para compartilhar neste tema.
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Após conversar sobre os procedimentos que serão seguidos para a retomada dos vínculos diplomáticos na reunião da manhã, durante a tarde as partes revisaram “as áreas de cooperação bilateral e identificaram novas esferas nas quais pode haver colaboração no futuro”. Repassaram o estado de seus acordos de cooperação em temas como segurança aérea e de aviação e na resposta para vazamentos de hidrocarbonetos, além de ampliar a parceria no enfrentamento ao tráfico de drogas, ao terrorismo e às epidemias. Sobre essa última questão, a delegação cubana propôs um encontro para cooperar na luta “efetiva e eficaz” contra o vírus ebola. Os cubanos também expressaram seu interesse em implementar um plano piloto para estabelecer o correio postal direto entre Cuba e EUA.
Josefina explicou que, na reunião, os Estados Unidos lhes ofereceram uma “informação geral” sobre as medidas adotadas em 16 de janeiro, que aliviam consideravelmente o bloqueio, ao flexibilizar as limitações para as viagens de americanos à ilha, para o envio de remessas e para a exportação de alguns bens, como equipamentos de telecomunicações. A representante cubana disse que seu país está “estudando essas regulações” porque “é necessária a assessoria de advogados para compreender seu alcance”.
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No tema concreto das telecomunicações, confirmou que o governo cubano está disposto a receber as companhias americanas do setor para explorar possibilidades de negócios benéficos para ambas as partes. Josefina ressaltou que as reuniões serviram para confirmar que Cuba e EUA têm de continuar trabalhando em suas áreas de interesse comum, mesmo com “profundas diferenças, que serão mantidas, pois os dois países têm convicções muito firmes”. A delegação americana, liderada pela secretária adjunta para a América Latina, Roberta Jacobson, também reiterou sua disposição de continuar o diálogo, que se desenvolveu de modo “construtivo e encorajador”, apesar das “diferenças significativas”. A próxima reunião para avançar no restabelecimento de suas relações diplomáticas entre EUA e Cuba ainda não tem data definida.
(Com agências EFE e France-Presse)
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