Pular para o conteúdo principal

Cuba e EUA concluem primeiras conversas com diferenças sobre os direitos humanos

Segundo comunicado dos americanos, eles pressionaram o governo cubano para melhorar a liberdade de expressão e o direito à livre reunião de pessoas

Barack Obama e Raul Castro durante pronunciamento simultâneo sobre a retomada das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba após mais de cinco décadas de rompimento - 17/12/2014
Barack Obama e Raul Castro durante pronunciamento simultâneo sobre a retomada das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba após mais de cinco décadas de rompimento - 17/12/2014 (Reuters)
Cuba e Estados Unidos concluíram nesta quinta-feira suas primeiras conversas oficiais com o desejo de seguir dialogando e avançar no restabelecimento de suas relações diplomáticas, apesar das diferenças em vários assuntos, entre eles os direitos humanos. “Como elemento central de nossa política, pressionamos o governo cubano para que melhore as condições dos direitos humanos, entre elas a liberdade de expressão e de livre reunião”, afirmou a delegação americana em uma declaração entregue à imprensa.
A chefe da delegação cubana, Josefina Vidal, relatou que o termo “pressionar” não foi utilizado nas reuniões e que a discussão sobre direitos humanos foi “uma troca na qual cada parte confirmou suas posições e concepções” sobre os temas. “Cuba ratificou sua proposta de sustentar um diálogo específico em uma data a ser determinada para tratar, em nível de especialistas, nossos visões sobre este assunto”, afirmou Josefina em pronunciamento à imprensa ao término da última reunião do dia. Acrescentou que Cuba reiterou a proposta que fez aos EUA há um ano, para sustentar um diálogo sobre direitos humanos e democracia “respeitoso e sobre bases de reciprocidade” porque, disse, a ilha tem “experiências interessantes” para compartilhar neste tema.
Leia também
Novas regras para a relação com Cuba entram em vigor nesta sexta

Cuba liberta todos os 53 presos previstos em acordo com os EUA
EUA: nomes de presos políticos em Cuba não serão divulgados
Dissidência cubana denuncia novas detenções de ativistas

Após conversar sobre os procedimentos que serão seguidos para a retomada dos vínculos diplomáticos na reunião da manhã, durante a tarde as partes revisaram “as áreas de cooperação bilateral e identificaram novas esferas nas quais pode haver colaboração no futuro”. Repassaram o estado de seus acordos de cooperação em temas como segurança aérea e de aviação e na resposta para vazamentos de hidrocarbonetos, além de ampliar a parceria no enfrentamento ao tráfico de drogas, ao terrorismo e às epidemias. Sobre essa última questão, a delegação cubana propôs um encontro para cooperar na luta “efetiva e eficaz” contra o vírus ebola. Os cubanos também expressaram seu interesse em implementar um plano piloto para estabelecer o correio postal direto entre Cuba e EUA.
Josefina explicou que, na reunião, os Estados Unidos lhes ofereceram uma “informação geral” sobre as medidas adotadas em 16 de janeiro, que aliviam consideravelmente o bloqueio, ao flexibilizar as limitações para as viagens de americanos à ilha, para o envio de remessas e para a exportação de alguns bens, como equipamentos de telecomunicações. A representante cubana disse que seu país está “estudando essas regulações” porque “é necessária a assessoria de advogados para compreender seu alcance”.
Leia mais
Cuba prende ativistas e cria primeiro atrito com os EUA após reconciliação
EUA anunciam aproximação histórica de Cuba
Papa Francisco, o diplomata 

No tema concreto das telecomunicações, confirmou que o governo cubano está disposto a receber as companhias americanas do setor para explorar possibilidades de negócios benéficos para ambas as partes. Josefina ressaltou que as reuniões serviram para confirmar que Cuba e EUA têm de continuar trabalhando em suas áreas de interesse comum, mesmo com “profundas diferenças, que serão mantidas, pois os dois países têm convicções muito firmes”. A delegação americana, liderada pela secretária adjunta para a América Latina, Roberta Jacobson, também reiterou sua disposição de continuar o diálogo, que se desenvolveu de modo “construtivo e encorajador”, apesar das “diferenças significativas”. A próxima reunião para avançar no restabelecimento de suas relações diplomáticas entre EUA e Cuba ainda não tem data definida.
(Com agências EFE e France-Presse)

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.