Pular para o conteúdo principal

Petrobras publica balanço sem as perdas por corrupção

Estatal não chegou a consenso sobre como calcular as baixas contábeis causadas pelos desvios. Petroleira teve lucro de R$ 3,087 bi no 3º trimestre

Fachada do edifício da Petrobras no Rio de Janeiro - 12/12/2014
Balanço da Petrobras foi publicado com 2 meses de atraso – e sem as baixas contábeis (AFP)
A Petrobras publicou na madrugada desta quarta-feira o balanço financeiro do terceiro trimestre de 2014 sem considerar as baixas contábeis causadas por corrupção. O documento, divulgado após dois adiamentos e com mais de dois meses de atraso, não tem a aprovação da auditoria independente PricewaterhouseCoopers (PwC). Depois de 11 horas de reunião na terça, o Conselho de Administração da estatal não chegou a um consenso sobre como separar no balanço as perdas provocadas pelos desvios apontados na Operação Lava Jato dos prejuízos com outros fatores, como projetos ineficientes e atrasos causados por chuvas.

"A companhia entende que será necessário realizar ajustes nas demonstrações contábeis para a correção dos valores dos ativos imobilizados que foram impactados por valores relacionados aos atos ilícitos perpetrados por empresas fornecedoras, agentes políticos, funcionários da Petrobras e outras pessoas no âmbito da Operação Lava Jato”, diz um comunicado da estatal. A petroleira informou que está avaliando "outras metodologias" para atender às exigências dos órgãos reguladores.
Leia mais: 
Petrobras pode divulgar baixa contábil de US$ 20 bi no 3º trimestre
Para executivo da PwC, mercado ainda vai precificar balanço da Petrobras 
Petrobras indica que pode incluir perdas com corrupção em balanço  
Pessoas próximas à Petrobras esperavam que a empresa reconhecesse uma baixa contábil de até 20 bilhões de dólares (cerca de 52 bilhões de reais), ou o equivalente a 42% do valor de mercado atual da companhia. Além disso, analistas falam em uma possível redução de 30% do plano de investimentos da estatal.

Números – Segundo o balanço sem as baixas divulgado pela Petrobras, a empresa registrou um lucro líquido de 3,087 bilhões de reais no terceiro trimestre do ano passado. O resultado representa uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior. No acumulado de janeiro a setembro, o lucro foi de 13.439 bilhões de reais, uma queda de 22% na comparação com o mesmo período de 2013.

A publicação do balanço sem as perdas contábeis não é suficiente para satisfazer os investidores, apontam observadores do mercado financeiro, mas tem como consequência prática evitar que a estatal seja considerada em situação de default ou "calote técnico". Isso ocorre se a empresa descumpre cláusulas contratuais com seus credores no exterior, entre elas o prazo para publicação de seus resultados.

Graça Foster – Em uma nota endereçada a acionistas e investidores da estatal e divulgada junto com o balanço, a presidente Graça Foster mencionou a Lava Jato para justificar o atraso de dois meses na divulgação do documento. "Como é de notório conhecimento, a Petrobras enfrenta um momento único em sua história. Em março de 2014, a 'Operação Lava Jato', deflagrada pela Polícia Federal com o objetivo de investigar suspeitas de lavagem de dinheiro, alcançou a Petrobras com a prisão do ex-diretor de Abastecimento da Companhia Paulo Roberto Costa", escreveu ela. No comunicado, Graça também tentou explicar a decisão de não contabilizar as perdas por desvios. “Concluímos ser impraticável a exata quantificação destes valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registros contábeis da companhia."

Atrasos – Esperada inicialmente para 14 de novembro, a divulgação do balanço foi adiada para 12 de dezembro, quando também não ocorreu. Em 29 de dezembro, quando venceu o prazo para publicação estabelecido nos contratos que regem os títulos da dívida (bonds) da Petrobras, a estatal informou que pretendia divulgar os resultados até o fim de janeiro e assim evitar a declaração do "calote técnico" – isso ocorre em até 60 dias a partir de um "aviso de default" feito pelos credores.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Ex-presidente da Petrobras tem saldo de R$ 3 milhões em aplicações A informação foi encaminhada pelo Banco do Brasil ao juiz Sergio Moro N O ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Cristina Indio do Brasil/Agência Brasil) Em documento encaminhado ao juiz federal Sergio Moro no dia 31 de outubro, o Banco do Brasil informou que o ex-presidente da Petrobras e do BB Aldemir Bendine acumula mais de R$ 3 milhões em quatro títulos LCAs emitidos pela in...
Grécia e credores se aproximam de acordo em Atenas Banqueiros e pessoas próximas às negociações afirmam que acordo pode ser selado nos próximos dias Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia (Louisa Gouliamaki/AFP) A Grécia e seus credores privados retomam as negociações de swap de dívida nesta sexta-feira, com sinais de que podem estar se aproximando do tão esperado acordo para impedir um caótico default (calote) de Atenas. O país corre contra o tempo para conseguir até segunda-feira um acordo que permita uma nova injeção de ajuda externa, antes que vençam 14,5 bilhões de euros em bônus no mês de março. Após um impasse nas negociações da semana passada por causa do cupom, ou pagamento de juros, que a Grécia precisa oferecer em seus novos bônus, os dois lados parecem estar agindo para superar suas diferenças. "A atmosfera estava boa, progresso foi feito e nós continuaremos amanhã à tarde", d...