Crise nas montadoras leva setor de autopeças a cortar 19 mil empregos
Este é o maior número de demissões desde 1998. Cadeia automotiva agora emprega 201 mil trabalhadores, o menor contingente desde 2009
Montadoras já demitiram 12,4 mil trabalhadores no Brasil (Reuters/
Com 68% da produção voltada às fabricantes de veículos, as autopeças eliminaram 19 mil postos de trabalho no ano passado. Demissões nessa proporção não ocorriam no setor desde 1998, ano em que foram fechadas 19,4 mil vagas. Agora, o setor emprega 201 mil trabalhadores, o menor contingente desde 2009. O ano passado foi um dos piores, segundo o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Paulo Butori. "Estamos sentindo que o movimento de queda (de empregos) permanece em janeiro."
Produtores de peças plásticas cortaram 3 mil postos de trabalho em 2014. "Foi a primeira vez que tivemos desemprego no setor no fechamento de um ano", afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), Ricardo Roriz Coelho. O setor emprega atualmente 357 mil pessoas e vende de 7% a 10% de sua produção para a indústria automobilística.
Esses cortes se somam às 12,4 mil demissões feitas pelas montadoras, que encerram 2014 com 144,6 mil empregados. Foi o maior número de dispensas em 16 anos.
A tendência é de continuidade de demissões neste ano, que começou com a Mercedes-Benz fechando 260 postos na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e a Volkswagen planejando um Programa de Demissão Voluntária (PDV) para quase 2,1 mil trabalhadores na mesma cidade, depois de reverter, após greve dos trabalhadores, 800 cortes anunciados no início do mês.
A Ford é outra montadora que estuda abrir um PDV em São Bernardo. Na segunda-feira, os cerca de 500 funcionários da também fabricante de autopeças Karmann-Ghia paralisaram a produção por atrasos no pagamento, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
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Gestão - No caso da MTP, além da crise, ocorreram sérios problemas de gestão, segundo José Carlos Santos Oliveira, funcionário da empresa há 12 anos e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos, José Carlos Santos Oliveira. Ele afirma que a empresa não pagou o adiantamento salarial previsto para o dia 15, só pagou metade do 13º salário, não entregou vale-transporte e descontou pensão alimentícia, mas não repassou aos beneficiários.
A empresa teria entrado com pedido de recuperação judicial no dia 12 e aguardava aprovação, diz o sindicalista. Está marcada para quarta-feira uma audiência entre as partes no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Nenhum representante da empresa foi localizado para comentar o assunto.
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