Programa de estímulos europeu pode ajudar o Brasil
Se o pacote de mais de 1 trilhão de euros ajudar a Europa a voltar a crescer, país poderá colher frutos do aquecimento do mercado consumidor europeu
BCE lançou programa de títulos para reativar a economia .
O pacote anunciado nesta quinta-feira por Mario Draghi, presidente do BCE, era amplamente esperado pelo mercado. Já no início da manhã, as bolsas europeias subiam na expectativa do anúncio, sobretudo após a fala da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, em Davos, de que mesmo antes de ter sido anunciado, o programa já estava funcionando – o que podia ser verificado, segundo Lagarde, pela curva de desvalorização do euro ao longo dos últimos dias. Antevendo o impacto do anúncio sobre a moeda europeia, o governo suíço acabou com o limite de paridade entre o euro e o franco na última quinta-feira, o que fez com que a moeda do país europeu se valorizasse 30% em apenas um dia, na comparação com o euro.
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O que motivou a atuação do BCE foi, em especial, a preocupação da Europa com a deflação. A zona do euro terminou dezembro de 2014 com o primeiro mês de deflação desde 2009, o que disparou o gatilho para ação dos bancos centrais da região. A tendência com a desvalorização do euro é que os países periféricos, como Grécia e Portugal, ganhem mais competitividade, apontam economistas. Contudo, os que mais receberão aportes do BCE, por meio da compra de títulos, serão os mais produtivos: Alemanha, França, Itália e Espanha, nesta ordem. A premiê alemã Angela Merkel, também em Davos nesta quinta-feira, elogiou o programa e fez mea culpa sobre a intensidade com a qual a Alemanha defendeu as políticas de austeridade nos anos pós-crise, mas agora se beneficiará da maior quantidade de liquidez injetada na região. "Algumas pessoas nos acusam de sermos muito austeros com nosso dinheiro. Mas a Alemanha tem um desafio demográfico maciço com uma população que envelhece", afirmou.
Durante a manhã desta quinta, o ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Larry Summers, aplaudiu a iminência do programa antes ainda do anúncio oficial, mas afirmou que talvez fosse tarde demais para implementá-lo, devido à gravidade da estagnação da economia europeia. Já o economista Nariman Behravesh, da consultoria IHS, afirmou que o lado ruim dos estímulos é que os países mais endividados podem se sentir tentados a ampliar ainda mais seu endividamento, com o aumento da liquidez no mercado.
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