Mudança no seguro-desemprego foi selada ainda durante a campanha
Presidente acusava adversários de planejar mudanças na legislação trabalhista, enquanto já tinha pacote de cortes em benefícios, segundo jornal
TUDO PLANEJADO – A presidente Dilma Rousseff durante sua cerimônia de posse: pacote estava definido antes da eleição .
Enquanto a presidente Dilma Rousseff insinuava, durante a campanha eleitoral, que seus adversários pretendiam alterar a legislação que garante direitos trabalhistas, o governo federal já desenhava o pacote de endurecimento de regras para a concessão de benefícios como o seguro-desemprego e a pensão por morte, anunciado três dias antes da posse de Dilma para o segundo mandato. Reportagem desta segunda-feira do jornal Folha de S. Paulo afirma que um integrante do governo confirmou à publicação que a mudança nas normas foi definida em meados de 2014.
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Ainda em agosto, o governo reduziu em 8,8 bilhões de reais a previsão de gasto com o abono salarial para 2015 – como consta no Projeto de Lei Orçamentária Anual deste ano, enviado naquele mês pelo Planalto ao Congresso. Segundo o jornal, o integrante do governo afirma que tal previsão foi feita já com base nas novas regras, que seriam anunciadas apenas depois da eleição.Não é que a vaca tossiu?
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Em novembro do ano passado, pouco depois de fechadas as urnas, o então ministro da Fazenda Guido Mantega deu mostra dos cortes que se aproximavam. Durante seminário promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), Mantega afirmou que o governo promoveria a diminuição dos subsídios ao crédito privado via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os cortes, afirmou, também afetariam benefícios como seguro-desemprego, abono salarial e auxílio-doença. O pacote, contudo, só foi anunciado em 29 de dezembro pelo atual comandante da pasta, Joaquim Levy, que só foi convidado para assumir o cargo duas semanas depois das declarações do antecessor.
Em meio ao vale-tudo promovido pelo PT para frear o "furacão Marina" em setembro de 2014, Dilma sugeriu que a adversária pretendia acabar com direitos trabalhistas em vigor e disparou uma frase cunhada pela sua equipe de marketing para chacoalhar a militância petista nas redes sociais: "Nem que a vaca tussa", esbravejou. A expressão foi usada à exaustão pela campanha, numa ofensiva pela desconstrução da imagem de Marina – cuja candidatura minguou vertiginosamente na sequência. Na reta final do primeiro turno, uma vaquinha malhada chegou a ser mote de sindicalistas alinhados à então presidente-candidata para uma “mobilização nacional” em defesa dos trabalhadores.
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