No Fórum Econômico Mundial, em Davos, o presidente francês afirmou que o sistema financeiro atual é conivente com o financiamento a grupos extremistas
O presidente francês, François Hollande, discursa durante o 45º Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça (EFE)
Hollande alertou que o próprio sistema financeiro atual é conivente com o financiamento a grupos extremistas porque, por meio de suas entranhas, é lavado o dinheiro proveniente de tráfico de armas, drogas e pessoas que ajuda a financiar organizações como a Al Qaeda. "Eu convoco o sistema financeiro a assegurar que as fontes de financiamento ao terrorismo sejam extintas. Precisamos banir a evasão fiscal e a lavagem de dinheiro", disse o governante. O presidente da França também pediu para que as grandes empresas da internet contribuam para a luta contra o terrorismo "identificando conteúdos ilegais e os tornando inacessíveis". O presidente defendeu o estabelecimento de regras para se conseguir esse objetivo e o terrorismo não se aproveitar da tecnologia.
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O presidente disse ainda que a França sempre se manteve à frente na luta em favor da liberdade e elogiou a atuação militar do país em áreas de conflito na África. Pediu, no entanto, que os demais países do Ocidente se prontifiquem a também atuar no sentido de combater tentativas extremistas em países onde há constantes ataques, como a Nigéria, Níger, Camarões e o Iêmen. "Não esperem até que seja tarde demais. A luta contra o terrorismo tem de ser global, dividida entre Estados, empresas, em especial as grandes, que devem fazer o que estiver ao seu alcance", disse o francês.
Muitos esperavam um discurso emocionado de Hollande relembrando os ataques. Contudo, o presidente não se deteve mais que dez minutos falando sobre o terrorismo. Os 25 minutos restantes serviram para que abordasse a conferência do clima que ocorrerá em Paris este ano -- razão que, segundo ele, o trouxe a Davos -- e para enaltecer o dinamismo da economia francesa. O presidente aproveitou ainda para elogiar a ação do Banco Central Europeu, que na tarde de quinta-feira anunciou um pacote de estímulos que deve injetar mais de 1 trilhão de euros nos países do bloco até 2016.
Ouvintes do discurso saíram do local um pouco desanimados. Esperavam que o presidente francês fosse derramar lágrimas em razão dos ataques. Entre eles estava o chefe da Deloitte da França, Alain Pons, que afirmou não ter sentido os espectadores tocados pelo discurso do presidente. "O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, provocou mais entusiasmo na plateia", disse. Hollande deve retornar a Paris ainda nesta sexta-feira, depois de se encontrar com o secretário de Estado americano John Kerry, que também está em Davos
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