Pular para o conteúdo principal
Papa Francisco indica plano de reforma da Igreja

No documento Exortação Apostólica, divulgado hoje, o papa critica a 'economia de exclusão' e o comodismo da Igreja. O texto orientará a postura do Vaticano nos próximos anos

Pa 
Fotos divulgadas pelo Vaticano nesta quinta-feira (29), mostram interação entre o papa Francisco e jovens participantes de uma missa na Basílica de São Pedro
Fotos divulgadas pelo Vaticano nesta quinta-feira (29), mostram interação entre o papa Francisco e jovens participantes de uma missa na Basílica de São Pedro - Osservatore Romano/Reuters
Um dos mais aguardados documentos do pontificado do papa Francisco, a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), foi apresentado nesta terça-feira no site oficial do Vaticano. Baseado nas conclusões do documento preparatório para Sínodo de Bispos sobre a Nova Evangelização, o documento de mais de 100 páginas traz as reflexões e indica os planos de reforma do sumo pontífice para a Igreja Católica. Entre as críticas de Francisco, destacam-se sua decepção com o que chamou de "economia de exclusão" e com o comodismo de alguns padres e agentes evangelizadores. O papa cobra também maior participação das mulheres na Igreja.
Sobre a “economia de exclusão”, segundo o papa argentino, “assim como o mandamento de ‘não matar’ coloca um limite claro para garantir o valor da vida humana, hoje temos de dizer ‘não a uma economia de exclusão e desigualdade’. Essa economia mata. (...) Hoje, tudo está dentro do jogo e da competitividade, onde o forte come o fraco. Como resultado, grandes massas da população são excluídas e marginalizadas: sem emprego, sem horizontes”. Para Francisco, os “excluídos não são explorados, mas resíduos, excedentes".

Leia também
Papa diz que quem doa à Igreja e rouba o estado é falso cristão

Papa Francisco prega contra a “deusa da corrupção”
Uma das razões para esta situação, ainda de acordo com o documento, reside na relação que estabelecemos com o dinheiro. Para o papa, “pacificamente aceitamos o domínio do dinheiro sobre nós e nossas sociedades”. “A crise financeira que estamos enfrentando nos faz esquecer que no início há uma profunda crise antropológica: a negação do primado do ser humano! Criamos novos ídolos”. (...) “A crise global que afeta as finanças e a economia mostra seus desequilíbrios e, acima de tudo, a grave falta de orientação antropológica que reduz o ser humano a uma das suas necessidades: o consumo”.
Sobre os desafios da Igreja no mundo atual, Francisco afirma que a “humanidade está em um momento uma mudança histórica”, com avanços significativos no campo da saúde, educação e comunicação. “Estamos na era do conhecimento e da informação”, escreveu. Porém, o papa ressalta que há muitos “homens e mulheres do nosso tempo vivendo precariamente diariamente, com consequências terríveis”.
Criticas a Igreja – Criticando a comodidade dos sacerdotes, Francisco afirma que a passividade é fruto do "pragmatismo cinza da vida cotidiana da Igreja, em que aparentemente tudo prossegue normalmente, mas na realidade a fé está se deteriorando e degenerando em mesquinhez". Para ele, essa postura torna os cristãos “múmias de museu”. Para mudar esse panorama, o papa adverte: “Não vamos roubar a alegria da evangelização!”. Para ele, é perceptível em muitos agentes de pastoral uma preocupação “exacerbada pelos espaços pessoais de autonomia”, o que leva a tarefas como um mero apêndice da vida, sem a real dedicação que o catolicismo merece.
Segundo a Exortação Apostólica, a cultura midiática e alguns círculos intelectuais, por vezes, transmitem uma mensagem de desconfiança em relação á Igreja, provocando decepção. “Como resultado, muitos agentes pastorais desenvolvem uma espécie de complexo de inferioridade que os leva a relativizar ou ocultar a sua identidade e crenças cristãs. Um círculo vicioso é então produzido, porque se eles não estão felizes com o que fazem, não se identificam com a sua missão evangelizadora, isso enfraquece a entrega”, diz o documento.
Mulheres – O papa Francisco não concede às mulheres a possibilidade de sacerdócio, mas considera “que elas devem ter um maior espaço e uma presença mais incisiva” na Igreja Católica. O sumo pontífice assegura que “a Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade”, pois “a sensibilidade, a intuição e capacidades peculiares costumam ser mais próprias das mulheres que dos homens”.
Jorge Bergoglio explica que já há mulheres que compartilham responsabilidades pastorais junto com os sacerdotes, mas também reconhece que é necessário ampliar os espaços para a presença feminina. ”Porque o gênero feminino é necessário em todas as expressões da vida social, por isso que é preciso garantir a presença das mulheres também no âmbito laboral e nos diversos lugares onde são tomadas as decisões importantes, tanto na Igreja como nas estruturas sociais”, acrescenta o pontífice argentino.
Evangelização – A Exortação Apostólica também foi entregue a alguns artistas ”para ressaltar o valor da beleza como forma privilegiada de evangelização”, segundo explicou o Vaticano, incluindo o escultor japonês Etsuro Sotoo, encarregado de realizar algumas das obras na Sagrada Família de Barcelona, e Anna Gulak, uma jovem pintora polonesa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p