Irã convida inspetores a visitar reator sensível de seu programa nuclear
AIEA anuncia que autoridades iranianas deram aval a inspeções na usina de Arak, instalação em construção sob suspeita de ocidentais porque usaria plutônio
TEERÃ - O Irã convidou na quinta-feira, 28, inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, para visitar um dos centros mais controvertidos de seu programa nuclear: o reator de plutônio de Arak. A inspeção, agendada para o dia 8, seria o primeiro passo concreto para aumentar a transparência do avanço atômico iraniano.
O convite foi divulgado quatro dias depois de Teerã e as grandes potências fecharem um acordo nuclear sem precedente em Genebra. Uma semana antes, o governo iraniano já tinha indicado que aceitaria ampliar o acesso de inspetores a suas instalações, embora alguns locais sob suspeita de integrar o programa nuclear - como a base militar de Parchin, perto de Teerã - continuem inacessíveis.
O diretor-geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano, anunciou ontem, em uma entrevista coletiva em Viena, o sinal verde para as inspeções em Arak. O reator está em construção e, quando for concluído, poderá produzir anualmente uma quantidade de plutônio capaz de abastecer ao menos um artefato nuclear, segundo especialistas.
Países como Israel afirmam que Arak seria um caminho alternativo do Irã na direção da bomba, usando não urânio, mas plutônio. Um bombardeio ao reator poderia provocar um acidente nuclear com as proporções do que ocorreu em Chernobyl. Teerã diz que o combustível que for produzido no local será usado para pesquisas e tratamento com isótopos médicos. A previsão é que Arak fique pronto no ano que vem.
Dificuldades. Amano fez um apelo para que países-membros da ONU colaborem mais com a AIEA para que ela tenha capacidade técnica de verificar o programa nuclear iraniano. "(A inspeção em Arak) naturalmente exige uma considerável quantidade de dinheiro e de funcionários e não acho que nós podemos cobrir tudo", afirmou o diretor da agência.
A AIEA está agora estudando como pôr em prática o que foi acertado entre o Irã e as potências do P5+1, grupo formado por EUA, Grã-Bretanha, França, China, Rússia e Alemanha. Amano afirmou que funcionários da agência serão realocados para cuidar do dossiê iraniano, mas enfatizou que a verificação do programa de Teerã testará os limites da AIEA.
Amano não soube informar quando o novo regime de inspeções entrará em vigor. "Não posse dizer quando estaremos prontos. Gostaríamos de fazer o trabalho como se deve."
Cerca de 10% do orçamento anual da AIEA, de US$ 164 milhões, são destinados ao dossiê nuclear do Irã. Estima-se que 20 inspetores dediquem-se exclusivamente ao país e pelo menos quatro estejam em atividade permanente no território iraniano.
O embaixador dos EUA na organização, Joseph Macmanus, reconheceu que o acordo de Genebra impõe custos adicionais e novos desafios aos inspetores. Mas ele disse estar seguro de que os países-membros terão capacidade de lidar com a situação. Os EUA são o principal colaborador financeiro da agência das Nações Unidas.
Segundo Olli Heinonen, ex-inspetor da organização, os funcionários da AIEA "são capazes de dar um aviso antecipado caso o Irã não cumpra com suas obrigações". No entanto, controlar o avanço atômico do país não é tarefa fácil. "No trabalho de verificação, os pequenos detalhes são o maior problema."
O Irã nega que seu programa tenha fins militares e acusa as grandes potências de tentar privá-lo do direito de desenvolver tecnologia atômica. / AP
Efe
Presidente Rohani, em Teerã: desde eleição, em junho, Irã abriu-se ao diálogo
O diretor-geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano, anunciou ontem, em uma entrevista coletiva em Viena, o sinal verde para as inspeções em Arak. O reator está em construção e, quando for concluído, poderá produzir anualmente uma quantidade de plutônio capaz de abastecer ao menos um artefato nuclear, segundo especialistas.
Países como Israel afirmam que Arak seria um caminho alternativo do Irã na direção da bomba, usando não urânio, mas plutônio. Um bombardeio ao reator poderia provocar um acidente nuclear com as proporções do que ocorreu em Chernobyl. Teerã diz que o combustível que for produzido no local será usado para pesquisas e tratamento com isótopos médicos. A previsão é que Arak fique pronto no ano que vem.
Dificuldades. Amano fez um apelo para que países-membros da ONU colaborem mais com a AIEA para que ela tenha capacidade técnica de verificar o programa nuclear iraniano. "(A inspeção em Arak) naturalmente exige uma considerável quantidade de dinheiro e de funcionários e não acho que nós podemos cobrir tudo", afirmou o diretor da agência.
A AIEA está agora estudando como pôr em prática o que foi acertado entre o Irã e as potências do P5+1, grupo formado por EUA, Grã-Bretanha, França, China, Rússia e Alemanha. Amano afirmou que funcionários da agência serão realocados para cuidar do dossiê iraniano, mas enfatizou que a verificação do programa de Teerã testará os limites da AIEA.
Amano não soube informar quando o novo regime de inspeções entrará em vigor. "Não posse dizer quando estaremos prontos. Gostaríamos de fazer o trabalho como se deve."
Cerca de 10% do orçamento anual da AIEA, de US$ 164 milhões, são destinados ao dossiê nuclear do Irã. Estima-se que 20 inspetores dediquem-se exclusivamente ao país e pelo menos quatro estejam em atividade permanente no território iraniano.
O embaixador dos EUA na organização, Joseph Macmanus, reconheceu que o acordo de Genebra impõe custos adicionais e novos desafios aos inspetores. Mas ele disse estar seguro de que os países-membros terão capacidade de lidar com a situação. Os EUA são o principal colaborador financeiro da agência das Nações Unidas.
Segundo Olli Heinonen, ex-inspetor da organização, os funcionários da AIEA "são capazes de dar um aviso antecipado caso o Irã não cumpra com suas obrigações". No entanto, controlar o avanço atômico do país não é tarefa fácil. "No trabalho de verificação, os pequenos detalhes são o maior problema."
O Irã nega que seu programa tenha fins militares e acusa as grandes potências de tentar privá-lo do direito de desenvolver tecnologia atômica. / AP
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