CIA recrutava espiões em Guantánamo
Candidatos a agentes duplos eram retirados das celas e instalados em confortáveis chalés
A poucas centenas de metros dos escritórios da administração da prisão de Guantánamo, em Cuba, atrás de uma cerca coberta de arbustos e cáctus, há um segredo muito bem guardado. Um caminho enlameado conduz para uma área aberta onde oito pequenos chalés se alinham em duas fileiras. Estão abandonados há muito tempo. O destacamento especial de fuzileiros navais que fazia a segurança já não está mais lá.
Nos primeiros anos após o 11 de Setembro, essas pequenas casas foram parte de um programa secreto. E esse segredo durou muito. Naqueles chalés, agentes da CIA transformaram terroristas em agentes duplos. Era uma aposta perigosa. Se funcionasse, os novos espiões poderiam ajudar a CIA a localizar líderes terroristas e assassiná-los com drones. No entanto, os EUA sabiam que alguns dos prisioneiros cooptados desprezariam o acordo e matariam americanos.
Para a CIA, era um risco aceitável. Para a sociedade americana, que jamais foi informada sobre esse assunto, foi um dos muitos acertos secretos que o governo fez em seu nome. Ao mesmo tempo em que o governo usava a ameaça do terrorismo para justificar a detenção de muitos suspeitos por tempo indefinido, libertava detentos perigosos para trabalhar para a CIA.
O programa foi encerrado em 2006. Os que sabiam de sua existência se referiam a ele pelo seu apelido: Penny Lane - uma alusão à música dos Beatles e uma referência a outra instalação secreta em Guantánamo, a prisão de Strawberry Fields.
Alguns dos que passaram por Penny Lane ajudaram a CIA a encontrar e matar terroristas. Outros deixaram de dar informações úteis e sumiram. Quando os presos começaram a chegar a Guantánamo, em 2002, a CIA percebeu uma oportunidade sem precedentes. Naquele ano, 632 prisioneiros chegaram à prisão. No ano seguinte, vieram mais 117.
Em 2003, Penny Lane entrou em operação. Os candidatos eram escoltados das celas para os confortáveis chalés, com cozinhas, chuveiros, TVs e terraço. Alguns prisioneiros pediam - e recebiam - pornografia. Alguns agentes da CIA referiam-se aos chalés como Marriott.
Dezenas foram avaliados, mas apenas alguns se tornaram agentes duplos. Embora o número de espiões recrutados em Penny Lane seja pequeno, o programa foi importante o suficiente para chamar a atenção do então presidente George W. Bush.
O presidente Barack Obama interessou-se pelo projeto por uma razão diferente. Logo após assumir, ele ordenou uma análise dos agentes duplos para que eles fornecessem informações usadas em ataques de drones. Infiltrar-se na Al-Qaeda foi um dos objetivos mais buscados pela CIA - e mais difíceis de alcançar. Algo que serviços de inteligência de outros países apenas ocasionalmente conseguiram. Os candidatos de Penny Lane tinham de ter ligações reais com terroristas. Para ser valiosos para a CIA, tinham de ter condições de se reintegrar à Al-Qaeda.
Nos primeiros anos após o 11 de Setembro, essas pequenas casas foram parte de um programa secreto. E esse segredo durou muito. Naqueles chalés, agentes da CIA transformaram terroristas em agentes duplos. Era uma aposta perigosa. Se funcionasse, os novos espiões poderiam ajudar a CIA a localizar líderes terroristas e assassiná-los com drones. No entanto, os EUA sabiam que alguns dos prisioneiros cooptados desprezariam o acordo e matariam americanos.
Para a CIA, era um risco aceitável. Para a sociedade americana, que jamais foi informada sobre esse assunto, foi um dos muitos acertos secretos que o governo fez em seu nome. Ao mesmo tempo em que o governo usava a ameaça do terrorismo para justificar a detenção de muitos suspeitos por tempo indefinido, libertava detentos perigosos para trabalhar para a CIA.
O programa foi encerrado em 2006. Os que sabiam de sua existência se referiam a ele pelo seu apelido: Penny Lane - uma alusão à música dos Beatles e uma referência a outra instalação secreta em Guantánamo, a prisão de Strawberry Fields.
Alguns dos que passaram por Penny Lane ajudaram a CIA a encontrar e matar terroristas. Outros deixaram de dar informações úteis e sumiram. Quando os presos começaram a chegar a Guantánamo, em 2002, a CIA percebeu uma oportunidade sem precedentes. Naquele ano, 632 prisioneiros chegaram à prisão. No ano seguinte, vieram mais 117.
Em 2003, Penny Lane entrou em operação. Os candidatos eram escoltados das celas para os confortáveis chalés, com cozinhas, chuveiros, TVs e terraço. Alguns prisioneiros pediam - e recebiam - pornografia. Alguns agentes da CIA referiam-se aos chalés como Marriott.
Dezenas foram avaliados, mas apenas alguns se tornaram agentes duplos. Embora o número de espiões recrutados em Penny Lane seja pequeno, o programa foi importante o suficiente para chamar a atenção do então presidente George W. Bush.
O presidente Barack Obama interessou-se pelo projeto por uma razão diferente. Logo após assumir, ele ordenou uma análise dos agentes duplos para que eles fornecessem informações usadas em ataques de drones. Infiltrar-se na Al-Qaeda foi um dos objetivos mais buscados pela CIA - e mais difíceis de alcançar. Algo que serviços de inteligência de outros países apenas ocasionalmente conseguiram. Os candidatos de Penny Lane tinham de ter ligações reais com terroristas. Para ser valiosos para a CIA, tinham de ter condições de se reintegrar à Al-Qaeda.
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