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Acordo com Irã embaralha as cartas da geopolítica

Possíveis consequências do pacto assinado com potências movimentam o xadrez diplomático do norte da África e do Oriente Médio

 
(A partir da esquerda) O chanceler iraniano, Mohamed Zarif; a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton; o secretário de Estado americano, John Kerry; e o chanceler francês, Laurent Fabius, comemoram em Genebra
A partir da esq. O chanceler iraniano, Mohamed Zarif; a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton; o secretário de Estado dos EUA, John Kerry; e o chanceler francês, Laurent Fabius, comemoram em Genebra (AFP)
O acordo sobre o programa nuclear iraniano anunciado no último fim de semana ainda é preliminar, mas já permite algumas previsões sobre como ficará o xadrez político na problemática região. O pacto de seis meses foi negociado entre o grupo 5+1, formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, China, Grã-Bretanha e Rússia) mais a Alemanha, e a república islâmica. Neste período, a proposta é chegar a um documento mais abrangente, que envolva de fato o desmantelamento de instalações que podem ser usadas para a fabricação da bomba atômica – e não apenas uma desaceleração do programa nuclear, prevista no acordo atual, em troca do alívio de parte das sanções econômicas impostas ao Irã.
De imediato, o pacto desagradou Israel e Arábia Saudita, inimigos do Irã que ficaram desapontados com o aliado Estados Unidos. Descrentes de que o regime dos aiatolás vá cumprir as exigências do documento atual ou negociar algo mais abrangente, os dois países também veem reduzida sua influência sobre o governo americano e temem um fortalecimento da república islâmica na região.
O analista Elbridge Colby, consultor privado da CNA e ex-conselheiro da Secretaria de Defesa dos EUA, afirma que as preocupações de Israel e dos países do Golfo Pérsico, como a Arábia Saudita, vão além do programa nuclear iraniano. “Eles temem que o Irã esteja buscando alcançar a hegemonia regional. Estas nações do Oriente Médio estão muito preocupadas com o apoio do Irã a Assad e com as ligações de Teerã com o Hezbollah. Assim, entre os protagonistas da região, há uma pergunta: ‘O acordo vai permitir ou prejudicar a capacidade do Irã de dar sequência a seus objetivos?’ Eu não tenho resposta para essa questão”, disse ao site de VEJA.

Possíveis consequências do acordo

O professor de política do Oriente Médio, F. Gregory Gause III, citado em reportagem da revista Time (leia a íntegra, em inglês), vai na mesma linha ao dizer que o temor dos sauditas não é apenas com a arma atômica, mas com uma espécie de reabilitação internacional do Irã que provoque uma mudança no equilíbrio geopolítico que enfraqueça a posição  da Arábia Saudita como o país mais influente na região. “Eles temem que o acordo seja um prelúdio de um arranjo entre iranianos e americanos que vai deixar o Irã como poder dominante no Líbano, na Síria e no Iraque”.
Síria – Atualmente, sauditas e iranianos travam uma corrida para fornecer armas para os atores da guerra civil na Síria, com os primeiros ao lado dos rebeldes e o Irã apoiando o ditador Bashar Assad. O aumento da influência do Irã no explosivo cenário da região se fez sentir na semana passada, quando terroristas realizaram um atentado contra a embaixada do país no Líbano, em represália ao apoio dado ao ditador e ao grupo terrorista Hezbollah, rival da facção responsável pelo ataque – que, por sua vez, é ligada à Al Qaeda.

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