Dilma antecipa revisão do PIB e Planalto é obrigado a dar explicações
Em entrevista ao jornal espanhol El País, a presidente Dilma Rousseff antecipou que o crescimento do PIB (produção de bens e serviços) do Brasil em 2012 não foi de 0,9%. Disse ela que foi de 1,5%.
“Esta semana resolveram reavaliar o PIB. E o PIB do ano passado, que era 0,9%, passou para 1,5%. Nós sabíamos que não era 0,9%, que estava subestimado o PIB. Isso acontece com outros países também. Os Estados Unidos sempre revisam seu PIB. Agora nós neste ano vamos crescer bem mais do que 1,5%”, disse a presidente em entrevista publicada na estreia da versão do jornal espanhol em português.
Oficialmente, o PIB nacional é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sem interferência do governo, nas Contas Nacionais Trimestrais. É esperada para a próxima edição do documento, na semana que vem, dia 3, além dos dados do último trimestre, as revisões dos períodos anteriores.
Em nota, o Planalto buscou deixar claro que não houve acesso antecipado da presidente aos dados do IBGE – ao contrário do que possa parecer. O que existiu, de acordo com a Presidência, foi uma estimativa do Ministério da Fazenda.
“O porta-voz da Presidência da República, Thomas Traumann, esclarece que, na entrevista ao jornal El País, a presidenta Dilma Rousseff fez estimativa do valor de revisão do PIB de 2012 com base em estudos preliminares do Ministério da Fazenda. Segundo as informações prestadas pelo Ministério da Fazenda à Presidência, estão em curso no IBGE estudos sobre o setor de serviços que poderão concluir por uma revisão do indicador do PIB do ano passado”, diz o comunicado.
A revisão, caso o setor de serviços esteja mesmo sendo subestimado nas contas atuais, faz sentido. O setor de serviços representa hoje a maior parte da geração de riqueza e renda do Brasil. Responde por 68,5% do total. A indústria é responsável por 26,3% e o setor agropecuário, por 5,2%.
Na entrevista, a presidente não fez estimativas para a expansão econômica deste ano. Disse, no entanto, que será bem acima dos 1,5% obtidos em 2012. Tanto o FMI quanto o governo já anunciaram há algum tempo esperar por 2,5% de crescimento neste ano.
Vale lembrar. Não é a primeira vez que uma entrevista da presidente causa ruído – e explicações posteriores de terceiros.
Em março deste ano, na África do Sul, Dilma disse que “não acredita em políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico”. A fala da presidente pegou o mercado de surpresa. Ficou a mensagem de que haveria tolerância com o ritmo de alta dos preços. O impacto negativo foi tamanho que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, teve de dar entrevista dizendo que a coisa não era bem assim.
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