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Irã diz ter recebido dos EUA US$ 8 bi que estavam congelados por sanções


Porta-voz do Irã afirma que quantia foi liberada em cumprimento do acordo firmado no domingo, em Genebra, mas Washington mantém silêncio


 
GENEBRA - Um dia após o acordo em Genebra, o Irã anunciou na segunda-feira, 25, que os EUA liberaram US$ 8 bilhões congelados em razão das sanções internacionais, embora a informação não tenha sido confirmada em Washington. A União Europeia disse ontem que deve decidir até o próximo mês como colocar outros US$ 7 bilhões bloqueados ao alcance da república islâmica, sob a condição de que os iranianos cumpram as promessas feitas na Suíça.
Aquecimento. Mulher em loja de cosméticos de Teerã - Abedin Taherkenareh/EFE
 
Aquecimento. Mulher em loja de cosméticos de Teerã
O alívio nas sanções é parcial e, até que um acordo definitivo seja alcançado, continuam em vigor pesadas restrições sobre a exportação de petróleo iraniano - o motor da economia do país - e transações financeiras. Ontem, em Washington, congressistas já discutiam a imposição de um embargo ainda mais duro contra o Irã, caso o acordo firmado no domingo em Genebra seja violado.
O anúncio de que os EUA já haviam liberado os US$ 8 bilhões foi feito pelo porta-voz do governo iraniano, Baqer Nobakht, e divulgado pela agência de notícias Fars e outros veículos locais. Segundo ele, a medida terá "significativo impacto" na economia iraniana. Alguns congressistas americanos que se opõem ao acordo souberam da informação pela imprensa e se irritaram.
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu - que qualificou o pacto na Suíça de "um erro histórico" -, disse ontem que enviará à capital americana um emissário seu, o assessor de Segurança Nacional Yossi Cohen, para discutir o caso na Casa Branca. "Esse acordo deve buscar um resultado: desmantelar a capacidade nuclear do Irã", declarou o primeiro-ministro israelense.
Depois de meses de negociações a portas fechadas, diplomatas iranianos e do P5+1 - grupo formado por EUA, Grã-Bretanha, França, Rússia e China, mais a Alemanha - alcançaram um primeiro consenso sobre o programa atômico de Teerã. Pelo acordo, os iranianos assumiram compromisso de deixar de enriquecer urânio a 20% e diluiriam os estoques atuais, limitando-se a operar com combustível processado a até 5% - suficiente para produção de energia. Ao mesmo tempo, inspetores terão acesso ampliado a instalações do programa nuclear e a construção do reator de plutônio de Arak será suspensa.
Do outro lado, as potências ocidentais aceitaram levantar parte das sanções impostas nos últimos anos contra o Irã, as quais causaram substancial estrago na economia iraniana. Os embargos, unilaterais e por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas, foram adotados em razão dos temores de que a república islâmica esteja em busca, na verdade, de armas nucleares - o que Teerã nega.
"É preciso de uma decisão em escala europeia", afirmou o chanceler francês, Laurent Fabius, sobre as punições contra o Irã decididas em Bruxelas. "Esperamos isso para as próximas semanas, para uma suspensão (das sanções) que seja limitada e reversível." O porta-voz do bloco europeu para assuntos internacionais, Thomas Mann, afirmou que as medidas devem ser revogadas "em dezembro ou janeiro".
Além das sanções adotadas na ONU, os EUA e a União Europeia mantêm punições separadas contra a república islâmica. O abrandamento das medidas europeias afetaria áreas estratégicas da economia iraniana, incluindo o comércio de petroquímicos, ouro e outros metais preciosos, transações financeiras para compra de alimento e medicamentos, além de permitir a terceiros países retomar os negócios com Teerã.
O secretário do Exterior da Grã-Bretanha, William Hague, disse no Parlamento que cerca de US$ 7 bilhões iranianos serão descongelados, mas enfatizou que isso não ocorrerá de uma vez só. Ainda de acordo com Hague, essa quantia é um alívio "muito pequeno" diante do total de bens que continuarão fora do alcance da república islâmica. / REUTERS e AP

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