Pular para o conteúdo principal

Em última reunião do ano, Copom eleva Selic aos dois dígitos

Taxa de juros terminará 2013 em 10% — a mais alta desde janeiro de 2012

O presidente do Banco Central Alexandre Tombini
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou em 0,50 ponto porcentual, para 10% ao ano, a taxa básica de juros (Selic) nesta quarta-feira, em decisão unânime, sem viés - ou seja, a decisão é válida até o próximo encontro, em janeiro de 2014. Trata-se da sexta elevação consecutiva do juro básico da economia neste ano. A trajetória de alta teve início em abril, quando a autoridade monetária subiu a Selic de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. A decisão não surpreendeu o mercado financeiro, que apostava de forma quase unânime no aumento de 0,50 ponto. Trata-se da maior taxa de juros desde janeiro de 2012.
Votaram por essa decisão o presidente do BC, Alexandre Tombini, e os diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.
Leia também:
Mudança de regra de superávit pode sepultar (de vez) credibilidade do país

Diferentemente da maioria dos encontros do Comitê, desta vez o comunicado divulgado junto com a nova taxa não deu qualquer sinalização sobre as razões que nortearam a decisão. O BC não divulgava uma decisão sem explicação minimamente detalhada desde março de 2012. O mercado aguardava, inclusive, que o comunicado trouxesse informações sobre uma possível redução do ritmo de alta da Selic 0,5 para 0,25 ponto porcentual.
Inflação — Ainda que o governo tenha celebrado, ao longo dos últimos meses, a desaceleração da inflação, os números mostram que ainda não há motivos para comemorações — a própria alta desta quarta reforça o argumento. A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos 12 meses até outubro está em 5,84%. Contudo, há duas ferramentas artificiais de auxílio que atuam para conter a alta: os subsídios à conta de luz e ao preço da gasolina. No primeiro item, a queda em 12 meses é de mais de 15%. Já no caso da gasolina, a alta é de apenas 2,9% no mesmo período, enquanto a estatal Petrobras absorve todo o avanço decorrente da variação cambial e do preço do petróleo no mercado internacional.
Enquanto os preços administrados pelo governo cedem ou sobem menos que o previsto, os que estão livres de controle não param de avançar. A alta dos preços de produtos não administrados está em 7,3% em 12 meses, enquanto a inflação do setor de serviços beira 9% no mesmo período.
Um relatório do banco Goldman Sachs divulgado nesta semana traz perspectivas nada animadoras para a inflação, mesmo diante do aumento dos juros. "Há um patamar significativo de inflação reprimida no sistema ocasionado pelo controle do governo, e que é insustentável", afirma o economista do banco, Alberto Ramos, em nota. A instituição prevê inflação próxima de 6% ao longo de 2014 devido a inúmeros fatores, mas cita, sobretudo, "as expectativas desalinhadas de alta dos preços devido à fraca credibilidade da política econômica". "Na verdade, esperamos que a inflação volte a acompanhar o centro da meta dentro de dois ou três anos", informa o comunicado.
Juros baixos não vingaram - O governo Dilma termina seu terceiro ano com um gosto amargo no que se refere à política monetária. Depois de 'tratorar' o BC para forçar a redução dos juros ao patamar de 7,25% em 2012 — e também induzir os bancos privados e estatais a reduzir suas taxas, usando como veículo o Banco do Brasil — a presidente termina 2013 com um verdadeiro choque de realidade. Juros baixos são resultado de política monetária consistente, com inflação no centro da meta, estabilidade cambial e contas públicas 'saudáveis', sem maquiagens. Hoje, não há vestígio de nenhum desses pilares.
O ajuste fiscal — uma das ferramentas mais eficazes (e impopulares) de conter o avanço inflacionário, já que resulta em cortes de despesas do governo — está fora da cartilha do ministro da Fazenda, sobretudo porque pode resultar em desaceleração da economia num período em que o crescimento está distante do esplendor. Tal alternativa se torna ainda menos factível porque o governo dificilmente conseguirá cumprir a meta cheia de superávit primário.
Superávit - O valor previsto inicialmente, de 110,9 bilhões de reais, ou 2,3% do PIB, foi abandonado. O ministro Mantega disse que o máximo de esforço fiscal possível para 2013 será um superávit de 99 bilhões de reais. Com ares de 'missão cumprida', Mantega afirmou que o governo central (formado pelo Tesouro, BC e Previdência) cumprirá sua meta sem grandes preocupações. Mas a parcela que corresponde à economia dos estados e municípios deverá 'manchar' o resultado, já que tudo indica que não conseguirão cumprir sua meta.
O resultado fiscal do setor público consolidado inclui a economia feita pelo governo central, estados e municípios e empresas estatais. Na última semana, o governo conseguiu aprovar no Congresso, no último instante, um projeto de lei que tirava sua obrigação de arcar com a meta de outros entes da federação. Assim, é possível safar-se da responsabilidade pelo não cumprimento da meta cheia. E foi dito e feito. Logo após a aprovação do projeto, Guido Mantega afirmou, publicamente, que se a meta não for cumprida, não será culpa do governo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p