Esquema comandado por Cachoeira era 'extremamente sofisticado', diz PF
Empresário Carlinhos Cachoeira foi preso na manhã desta quinta-feira na Operação Saqueador, que investiga lavagem de dinheiro de R$ 370 milhões de recursos públicos
Peritos passaram cerca de trinta dias mapeando a contabilidade da construtora e chegaram à conclusão de que 96% de seu faturamento era oriundo de verbas públicas, chegando ao montante de 11 bilhões de reais. Desse total, mais de 370 milhões de reais foram lavados por meio de pagamento ilícito a dezoito empresas de fachada.
Cachoeira, junto com Adir Assad, já condenado na Operação Lava Jato, e Marcelo Abbud, eram os responsáveis por criar essas empresas. Os valores eram sacados em espécie, para dificultar o rastreamento dos valores, e serviam para pagar propina a funcionários públicos. "Para chegarmos à conclusão de que essas empresas são fantasmas há alguns elementos: ausência de empregados, ausência de movimentação [financeira] e também a ausência de sede", disse o procurador Leandro Matidieri, em entrevista concedida hoje no Rio de Janeiro.
Ainda não foram cumpridos dois dos cinco mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça. Um deles é do ex-presidente da construtora Delta Fernando Cavendish, que já é considerado foragido. Segundo informações, ele está fora do país. O delegado da PF, Tassio Muzzi, afirmou que o advogado de Cavendish já entrou em contato com os investigadores e disse que vai se entregar.
A empreiteira Delta, que participou de diversas obras no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foi um dos principais alvos de investigação de uma CPI realizada em 2012 para apurar os laços de Carlinhos Cachoeira com empresas e políticos. O esquema acabou derrubando o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que tinha envolvimento com Cachoeira e foi cassado.
A Saqueadores foi autorizada, pelo Supremo Tribunal Federal, a usar trechos da delação premiada de pessoas ligadas à empreiteira Andrade Gutierrez e investigadas na Operação Lava Jato.
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