Após aprovação de cassação, Planalto teme reação de Cunha
Com o cerco se fechando contra o presidente afastado da Câmara, governo teme que o peemedebista revele o que sabe como vingança
Depois da votação, o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, esquivou-se de falar sobre o assunto. "Prefiro não comentar. Esse é um assunto da Câmara", disse Geddel. Mais cedo, em agenda no Rio, o próprio Temer declarou que o Executivo não interferiria nos demais Poderes e que, ao assumir interinamente a Presidência, pregou a "reconstitucionalização" do país. "É preciso acabar com o Executivo se meter nas coisas do Legislativo e do Judiciário", afirmou.
Apesar da tentativa de deixar esse assunto "do outro lado da rua", um aliado de Temer que esteve no Planalto após o resultado demonstrava claramente a sua preocupação com Cunha. "Essa conta vai ser alta. Ele não vai cair sozinho", disse. Ainda não se tem a exata dimensão de como esse primeiro momento pós aprovação da cassação de Cunha no Conselho de Ética poderá interferir nas votações das medidas econômicas que Temer está encaminhando à Câmara, consideradas "cruciais" para o governo interino.
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Com o avanço das investigações da Operação Lava Jato e o cerco se fechando contra Cunha também criou-se um temor de que, como vingança, ele possa "sair atirando", atingindo o próprio Temer. No pedido de afastamento de Cunha do mandato e da presidência da Câmara, o ministro do STF Teori Zavascki transcreveu mensagens por celular entre o deputado e o empreiteiro Léo Pinheiro, sócio da construtora OAS. Uma delas fala de um certo "Michel" que teria sido contemplado com 5 milhões de reais pelo empreiteiro. Para os investigadores da Lava Jato, é uma referência a Temer.
No entanto, não há nenhuma investigação contra o presidente em exercício. A assessoria de Temer justifica a citação a uma "doação eleitoral declarada dentro da prestação de contas da candidata Dilma Rousseff, na conta Michel Temer 2014" no valor exato de 5 milhões de reais e na qual não "há nenhuma ilegalidade ou ilícito".
Há relatos de que houve surpresa no Planalto com o posicionamento do deputado Wladimir Costa (SD-PA), que todos consideravam voto certo contra a cassação do peemedebista, e com o voto considerado decisivo da deputada Tia Eron (PRB-BA).
(Com Estadão Conteúdo)
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