Pular para o conteúdo principal

Delator diz que Renan, Jucá e Sarney receberam R$ 71,7 milhões em propina de contratos na Transpetro

O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) durante sessão que decide pelo afastamento de Dilma Rousseff - 11/05/2016
O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) durante sessão que decide pelo afastamento de Dilma Rousseff -
O executivo Sergio Machado, ex-presidente da Transpetro, maior processadora brasileira de gás natural, disse em acordo de delação premiada que o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) recebeu 32,2 milhões de reais em propinas e subornos recolhidos a partir de contratos com a subsidiária da Petrobras. O presidente em exercício do PMDB e senador Romero Jucá, apeado às pressas do primeiro escalão do governo Michel Temer diante das revelações de Machado, embolsou 21 milhões de reais, enquanto o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP) amealhou 18,5 milhões de reais em dinheiro sujo desviado de contratos da Transpetro.
Conforme relato do procurador-geral da República, nos dias 23 e 24 de fevereiro e nos dias 10 e 11 de março, Sergio Machado, que guardou por anos detalhes da contabilidade que irrigava os cofres peemedebistas, manteve conversas confidenciais com caciques políticos em Brasília. Queria alertar Renan, Sarney e Jucá que não pretendia ser submetido ao rigor do juiz Sergio Moro, que conduz com mão de ferro a Operação Lava Jato em Curitiba. Desde que foi alvo de busca e apreensão no dia 15 de dezembro, durante a Operação Catilinárias, braço da Lava Jato voltada a autoridades com foro privilegiado, Sergio Machado começou a discutir com o filho Expedito, conhecido como Did e também agora delator da Lava Jato, como gravar conversas com políticos.
LEIA TAMBÉM:
Teori homologa delação do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado
Defesa de Sarney e Jucá questiona STF sobre gravações
Além de se livrar das mãos de Moro, Sergio Machado temia que novas delações premiadas e acordos de leniência de empreiteiras revelassem como empresas investigadas na Lava Jato pagavam propina de forma contínua, inclusive por meio de doações oficiais para campanhas políticas. O executivo contou às autoridades que a Queiroz Galvão, que não fechou acordo, e a Camargo Corrêa, cuja leniência ainda estaria em aberto, seriam as principais prejudicadas. E mais: ele considerava que o recente entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) de que execuções de pena poderiam ser viabilizadas já na segunda instância, sem necessidade de trânsito em julgado, aumentava a probabilidade de delações.
"Para além do teor das conversas, José Sérgio de Oliveira Machado foi muito claro, em seus depoimentos, sobre a obtenção desses subornos, pormenorizando anos e valores respectivos tanto na forma de doações oficiais quanto em dinheiro em espécie", resumiu o procurador-geral Rodrigo Janot ao defender no STF que Renan Calheiros, José Sarney e Romero Jucá fossem presos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular