Senado aprova corte na desoneração da folha de pagamentos
Com a aprovação do último item do ajuste fiscal, empresas pagarão alíquota maior sobre a folha de pagamentos
O relator, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), optou por manter o texto aprovado na Câmara e recebeu apoio dos colegas. Os partidos de oposição se manifestaram contra a aprovação da matéria, que representa boa parte do ajuste proposto pelo governo.
Ao fim da votação, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), declarou que o texto aprovado não faz parte da Agenda Brasil, lista de medidas criadas em parceria com a equipe econômica com o objetivo de selar a paz entre Executivo e Senado.
Segundo o senador, o momento é de pensar na unidade nacional. Eunício disse ainda que a aprovação do projeto abrirá caminho para a Casa se debruçar sobre a Agenda Brasil, conjunto de projetos e medidas apresentados pelos líderes e pelo presidente do Senado, Renan Calheiros com objetivo de "criar uma expectativa positiva para animar a economia".
O projeto das desonerações aumenta a contribuição previdenciária que as empresas têm de recolher ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). O governo chegou a sugerir uma emenda de redação para vetar os benefícios sobre a folha de pagamento dados aos setores de transportes, confecções, call center, calçadista e empresas de comunicações. Mas o senador disse que não acataria mudanças no texto somente para facilitar os vetos.
Plano que deu errado - As desonerações em mais de cinquenta segmentos econômicos foram implementadas por etapas e previam que a contribuição social das empresas deixasse de ser feita com base na folha de pagamentos e passasse a ocorrer em relação à receita bruta. A alíquota, que era de 20% sobre a folha, passou a ser de 1% e 2% sobre a receita, dependendo do porte da companhia. Agora, com a nova regra, as alíquotas sobem para 2,5% e 4,5%, respectivamente. As empresas com mão de obra intensiva, como de telemarketing, por exemplo, saíram ganhando com as desonerações. Já uma parcela pequena das empresas, em especial aquelas que usam menos mão-de-obra, acabaram sendo prejudicadas - boa parte delas está no setor de tecnologia.
O objetivo do Ministério da Fazenda, ao colocar em prática as desonerações, era estimular a produtividade e o aumento de emprego na indústria. Para isso, aceitou uma renúncia fiscal de cerca de 25 bilhões de reais ao ano. Com a nova alíquota, a renúncia recuará para 20 bilhões de reais este ano e 12,8 bilhões de reais a partir de 2016. Pelos cálculos da Fazenda, das 90.000 empresas beneficiadas pela medida nos anos anteriores, apenas 56.000 continuarão economizando mesmo com a alíquota mais alta. As demais verão seus gastos tributários serem elevados. Segundo o ministro Joaquim Levy, manter o pacote de desonerações da forma como foi concebido implicaria na renúncia de mais de 2 bilhões de reais em arrecadação no mês - uma conta que o governo não está disposto a pagar em período de cofres públicos a níveis alarmantes.
As alíquotas estabelecidas pela gestão anterior não geravam receita suficiente para suprir o caixa da Previdência Social no mesmo patamar que o porcentual cobrado sobre a folha de pagamentos. Isso fazia com que o Tesouro tivesse de entrar em ação para compensar a Previdência pelas perdas.
Com a mudança, as empresas poderão, a partir de agora, optar se querem permanecer com o regime atual de tributação ou voltar para o modelo antigo, de 20% sobre a folha. Tal opção poderá beneficiar justamente as empresas que não requerem ampla mão-de-obra.
(Da redação)
Comentários
Postar um comentário