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Com anúncio de corte ministerial, base corre para segurar cargos

Aliados do governo temem perder indicados. No PT, cresce a pressão por reformulação na Casa Civil – que incluiria a saída de Mercadante da pasta

Esplanada dos Ministérios em Brasília (DF)
Esplanada dos Ministérios em Brasília (DF)(Agência Brasil)
A reforma administrativa planejada pela presidente Dilma Rousseff, com corte de dez dos 39 ministérios, deixou apreensivos aliados, que agora temem perder cargos, e fez ressurgir no governo a defesa de um novo modelo de articulação política. Uma das ideias prevê a incorporação da Secretaria de Relações Institucionais à Casa Civil, que, na configuração em estudo, seria ainda mais forte do que já é e voltaria a cuidar da liberação de cargos e emendas, além da gestão do governo.
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Enquanto não há definição, deputados e senadores avaliam que a discussão sobre corte de ministérios e redução de aproximadamente 1.000 dos 22.000 cargos comissionados vai paralisar o governo, aumentar a disputa por espaços na máquina pública e piorar a crise política, num momento em que Dilma enfrenta ameaças de impeachment.
A cúpula do PT passou agora a trabalhar com um novo cenário na articulação política para insistir na mudança do ministro da Defesa, Jaques Wagner, para a Casa Civil, no lugar de Aloizio Mercadante. O plano é antigo e já foi até defendido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reuniões com Dilma, sob o argumento de que Mercadante é inábil e já fez vários desafetos no Congresso.
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Pressionado, Temer deixa a articulação política do governo
Dilma nunca aceitou tirar Mercadante, alvo de fogo "amigo", do comando da Casa Civil, mas dirigentes do PT prometem conversar novamente com ela, caso a Secretaria de Relações Institucionais - hoje responsável pelo "varejo" da política - seja extinta ou abrigada naquela pasta.
'Articulação paralela' - Desde que o vice-presidente Michel Temer decidiu se afastar da interlocução com o Congresso, sob queixas de "articulação paralela" feita por Mercadante, além de embates com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, os problemas na articulação política ganharam os holofotes.
Braço direito de Temer, o titular da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), foi na mesma linha do vice e disse que ajudará o governo nas negociações com deputados e senadores apenas até setembro. Desde abril, Padilha tem dupla função: é titular da Aviação Civil, mas despacha no gabinete da Secretaria de Relações Institucionais, que é vinculada à Vice-Presidência.
Sobre sua mesa despontam planilhas com mapas de como cada parlamentar votou, nos últimos quatro meses. A papelada municia o Palácio do Planalto na hora da distribuição de cargos e indica que a base aliada está cada vez mais dividida. "Tem gente que vem aqui e fala que gostaria de espaço tal no governo. Mas aí a gente também tem que ver se ele votou com o governo ou não", disse Padilha. "Ninguém nos engana."
Na noite de segunda-feira, o assessor especial da Presidência, Giles Azevedo, reuniu-se com o presidente do PT, Rui Falcão, em Brasília. Giles tem conversado com deputados e senadores do PMDB, PT, PP e PC do B para orientar a estratégia governista na CPI que investiga denúncias de irregularidades no BNDES. É homem da confiança de Dilma, mas petistas dizem que não tem perfil para ser articulador do Planalto.
Munidos desse diagnóstico, Lula, ministros e dirigentes do PT voltaram a lembrar de Wagner para a tarefa. Ex-governador da Bahia, ele já foi titular da Secretaria de Relações Institucionais no primeiro mandato de Lula. Agora, até alguns de seus colegas de Esplanada sonham em remanejá-lo para uma Casa Civil mais "encorpada", com poderes de Relações Institucionais.
Nos bastidores, Wagner também é tratado como possível candidato do PT à eleição presidencial de 2018, caso Lula não queira concorrer à sucessão de Dilma.
Depois de Lula dizer que sentia falta de Wagner no Planalto, Mercadante teve uma conversa com ele, em São Paulo. Auxiliares disseram que o chefe da Casa Civil pediu apoio. Foi no governo Lula que a Casa Civil, então sob o comando de José Dirceu, acabou dividida. À época, a ideia era que Dirceu cuidasse da gestão e Aldo Rebelo (PCdoB), da articulação política, mas os dois "bateram cabeça".
(Com Estadão Conteúdo)

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